Aumento de sais no suor e na urina, retenção de líquido, diarreia, desnutrição, infecções no pulmão, esterilidade em homens, baixo crescimento na infância em decorrência da redução na produção de hormônios do crescimento e comprometimento dos ossos em casos de osteoporose. Estes são alguns dos inúmeros sintomas que apontam para o diagnóstico da Fibrose Cística (FC). A doença é também conhecida por mucoviscidose ou doença do beijo salgado e atinge muitas pessoas. Por isso, trataremos nesse artigo de que forma o Pilates pode contribuir com o tratamento da fibrose cística.
O que é a fibrose cística?
A fibrose cística é uma doença genética crônica. Mas tecnicamente falando, a patologia é decorrente de mutações no gene CFTR (Cystic Fibrosis Transmembrane Conductance Regulator). Por sua vez, esse gene é capaz de codificar a proteína responsável por conduzir íons, por exemplo o cloreto (Cl-), através de membranas epiteliais. Assim, a doença é caracterizada pelo aumento de muco nas vias respiratórias e no trato digestivo. Além disso, também causa o acúmulo de sais no corpo, afetando órgãos como os pulmões, pâncreas e intestino.
O relatório mais recente do Registro Brasileiro de Fibrose Cística (REBRAFC), datado de 2019, revelou o registro de 356 novas ocorrências da doença no País. Entretanto, não houve levantamento de dados nos anos relativos a 2020 e 2021, em razão da pandemia da Covid-19. O documento é produzido com o intuito de rastrear as ocorrências da doença e melhorar o controle. No mundo, ela atinge cerca de 70 mil pessoas. A fibrose cística é considerada a doença genética grave de maior incidência na infância. Por isso, é necessária uma observação maior nessa fase, inclusive para iniciar o tratamento da fibrose cística o mais precocemente possível.
Como a doença causa uma grande elevação na produção de muco, o paciente acaba acumulando germes e bactérias nas vias respiratórias. Consequentemente, surgem inflamações, infecções e inchaços, a exemplo da bronquite e da pneumonia. Além disso, o excesso de muco interfere negativamente no funcionamento do sistema digestivo, porque atrapalha o percurso das enzimas digestivas até o intestino.
Apesar dos sintomas complexos, a doença encontra no método Pilates um poderoso aliado no tratamento eficaz e direcionado aos pacientes.
Como a fibrose cística é trabalhada no método Pilates?
As formas de tratamento da fibrose cística incluem métodos de imunização, antibióticos, anti-inflamatórios, uso de insulinas, dieta hipercalórica, suplementos de vitaminas etc. O acompanhamento interdisciplinar com diferentes profissionais da saúde também é necessário, podendo incluir um professor ou professora do método Pilates. Esses últimos auxiliam no processo da reabilitação, com exercícios que envolvem a reeducação postural do paciente com capacidade respiratória alterada. Em outras palavras, essa alteração na respiração gera um padrão postural inadequado e, consequentemente, a expansão da caixa torácica fica diminuída. Ou seja, com o Pilates dá para trabalhar a melhora tanto da capacidade pulmonar quanto da postura.
Esse comprometimento na respiração pode ser identificado por exames que avaliam o ganho de força muscular respiratória, a exemplo do procedimento de manovacuometria. Aliás, é também através da prova de função pulmonar, que repercute a importância desses estudos para a aplicação dos exercícios físicos do método Pilates neste tratamento.
Outro ganho tangível que o paciente com fibrose cística pode conquistar na prática do Pilates é a sensação de bem-estar e de qualidade vida, já que muitos apresentam dificuldades em administrar as próprias emoções na jornada de enfrentamento da doença.
Exercícios físicos mais apropriados no tratamento da fibrose cística
Muitos especialistas no assunto defendem a prática de quase todos os exercícios físicos pelo paciente com o diagnóstico de fibrose cística. No entanto, o Pilates encabeça a listagem, em razão dos seus benefícios.
A orientação é embasada no argumento de o Pilates ser capaz de analisar o processo do corpo do paciente ou cliente de forma global, gerando benefícios físicos e mentais, já que um paciente acometido de uma doença pulmonar, como a fibrose cística, enfrenta um nível de desvalorização do seu “eu”. Ele torna-se mais fragilizado em razão da redução da resistência física e capacidade pulmonar. Essas características muitas vezes causam o isolamento do paciente, especialmente pela dificuldade que ele encontra em acompanhar as atividades de interação social.
Os exercícios que o profissional de Pilates pode realizar para induzir neste processo de tratamento perpassam pelo trabalho de controle do centro com o movimento de rotação para fora de braços, em que será feita uma extensão da coluna torácica, repetindo por cerca de 20 segundos. Vale combinar com este, uma rotação da coluna torácica, balançando os braços de um lado para o outro, além de flexão, extensão e flexão lateral, acompanhadas de movimentos dos membros superiores e inferiores. Além, claro, dos exercícios específicos para a melhora do processo de respiração.
Resultados obtidos pelo Pilates nos pacientes com a doença
O Pilates oferece uma evolução significativa na vida dos pacientes diagnosticados com fibrose cística. Eles conquistam melhora na dispneia e na função imunológica. Ademais, o tratamento da fibrose cística com o Pilates resulta em um considerável progresso na autoestima.
Os exercícios que trabalham com eixo axial, verticalizando, alongando e criando mobilidade na parte superior da torácica, auxiliam no ganho de expansão pulmonar. É fundamental no trabalho com as doenças pulmonares obstrutivas crônicas, como a fibrose cística.
Todas as conquistas com a prática Pilates nesses pacientes atestam a eficácia dos exercícios do método no tratamento da fibrose cística. Todas as conquistas com a prática Pilates nesses pacientes atestam a eficácia dos exercícios do método no tratamento da fibrose cística, tais como: a redução da dispneia, desobstrução brônquica, melhora da composição corporal, manutenção do desenvolvimento ósseo, diminuição da degradação proteica com redução da fadiga muscular, maior estímulo do IGF-I para o anabolismo, melhoria da função imunológica e diminuição da FC de repouso.