A escoliose é uma malformação morfológica tridimensional da coluna vertebral. A grande maioria dos casos ocorre em adolescentes, mais frequentemente em meninas do que em meninos, e os sintomas normalmente já são percebidos na infância. Os sinais mais comuns surgem a partir da observação da assimetria de ombros e quadris, curvatura lateral da coluna, além de gibosidade na altura da coluna torácica. Ou seja percebemos que um dos lados está mais alto do que o outro. Nesse artigo, você encontrará dicas para o profissional de Pilates ajudar os alunos que apresentam os diversos tipos de escolioses.
Causas e tipos de escolioses
Suas causas podem ser variadas. Existem, por exemplo, fatores genéticos, congênitos, sindrômicos, malformações neuromusculares e crescimento assimétrico dos membros e tronco. Além disso, há diagnósticos que não conseguem identificar uma causa específica.
São quatro os tipos de escolioses, sendo que essa classificação leva em conta o motivo que provocou o problema.
A escoliose congênita é o tipo mais raro e está presente desde o nascimento do indivíduo, porque sua causa é uma malformação na coluna. A escoliose idiopática, no entanto, é a mais incidente, não possui uma causa específica e normalmente é identificada já na infância e adolescência.
Além delas, há a escoliose neuromuscular, cuja origem está em uma condição muscular ou neurológica que afeta a musculatura da coluna, criando essa curvatura anormal na dorsal. E, por fim, temos a escoliose degenerativa, vinculada ao desgaste da coluna a partir da fase adulta, capaz de causar essa curvatura.
Sintomatologia
Normalmente, a escoliose é assintomática, mas progressiva, principalmente durante a adolescência, pois acompanha o crescimento do indivíduo. Muitas vezes, necessita de uma intervenção multidisciplinar e cuidadosamente assistida, a fim de prevenir limitações que poderão ir além dos fatores estéticos. As compressões e alterações subsequentes podem causar comprometimento no funcionamento dos órgãos, como coração, pulmão, intestinos, diafragma e outros.
Atuação do Pilates nos diversos tipos de escolioses
Em todos os tipos de escoliose é comum a presença de aspectos compensatórios, com a distribuição desigual de forças musculares. Além disso, nota-se desequilíbrios em níveis em que há sempre retração assimétrica dos músculos espinhais, eretores da coluna.
O objetivo do Pilates para esse tipo de cliente é trazer primeiramente consciência corporal do seu tipo físico. O profissional deve, portanto, identificar o comportamento escoliótico e o padrão dessas curvas por meio de uma avaliação minuciosa. O objetivo é criar uma rotina de exercícios personalizada, a fim de “educar” aquele indivíduo, utilizando para isso as ferramentas dos princípios de movimento.
A respiração é o mais importante nesse processo. A percepção e controle da direção de movimento que ocorre a partir dos exercícios respiratórios, aliados aos estímulos proprioceptivos, farão com que sejam minimizadas as retrações, por meio do alongamento das cadeias encurtadas. Assim, alcançaremos o equilíbrio da mobilidade e estabilidade. E aqui vale abusar do uso de acessórios, como faixa elástica, toalhas, bolas, bastões e discos de rotação.
Veja como tratar escoliose nas aulas de Pilates
As dicas verbais, táteis e de imagem são ferramentas extremamente importantes, pois sua aplicação traz maior percepção corporal. Além disso, ajudam a promover uma melhor organização e alinhamento fundamentais para fortalecer a atenção, modular o nível de esforço e finalmente iniciar o movimento. Isso minimiza os desequilíbrios e as forças compressivas, gerando, assim, melhor funcionalidade corporal.
Além disso, sugerimos exercícios de articulação de coluna, com cuidado para não exagerar na amplitude de movimento ou recrutamento excessivo de força. Mas dá para usar o alongamento axial, seguido do alinhamento e direcionamento das facetas articulares das vértebras. Dessa forma, teremos fluidez durante todos os níveis da coluna, sem bloqueios de movimento. Essa reeducação não busca a correção da escoliose, mas a otimização do movimento e maior funcionalidade, com consciência e controle segmentar e motor.
O ambiente de Pilates é sem dúvida alguma um lugar rico em possibilidades de trabalho e com estímulos variados de movimento. Particularmente obtivemos resultados significativos com essa técnica em paciente com escoliose com mais de 24 graus de curvatura lateral regredindo para 5 graus em menos de 10 sessões. Felizmente nossa escola de formação a Polestar Pilates nos respalda com fundamentação teórica e prática a fim fazermos um plano de tratamento a partir da escolha de exercícios amparados por estudos científicos e capacidade de raciocínio clínico. Com isso a escolha e a conduta das aulas ocorrem como prescrição e nunca de forma aleatória em caso de reabilitação e respeitando sempre a individualidade e necessidade de cada um. Estejam sempre atentos aos sinais de desalinhamento e desorganização postural e busquem profissionais qualificados para ajudá-los.
* Artigo de autoria de Naira Coelho, atualizado, originalmente publicado em 20 de março de 2017.