Por Paula Buiatti*
Quando criança, provavelmente você adorava andar descalço e ter contato direto com a terra e com a natureza, mesmo sem saber que essa simples atitude é uma conexão transformadora. Com o passar do tempo, conforme crescemos, perdemos alguns hábitos que são muito benéficos para o nosso bem-estar, como esse contato. Por isso, vamos falar um pouco aqui nesse artigo sobre a importância de ficar descalço, o grounding e sua relação com o Pilates.
Com o avançar da idade, passamos a viver calçados durante a maior parte do dia. Inclusive, em vários desses momentos, de forma desconfortável. As oportunidades em que surge a possibilidade de colocar os pés na areia, na terra, chão de pedras, grama etc se tornam cada vez mais raras e curtas. Nesse contexto, o conceito do grounding tem ganhado cada vez mais notoriedade.
Também conhecida por Earthing, a prática tem voltado aos holofotes e se tornado muito comum. Ao compreender a relevância da conexão com a natureza, as pessoas têm buscado promover esse contato com mais frequência. Além do andar descalço, o grounding pode ser praticado de outras formas, como em um mergulho no mar ou rio ou ao deitar na grama.
O que é grounding? A importância de ficar descalço
O grounding é uma palavra em inglês, cuja tradução para o português significa aterrar, enraizar. É o nome dado à prática que nos permite ter um contato direto e transformador com a Mãe Terra. Por meio desse conceito, voltou-se a questionar a importância de ficar descalço.
O homem urbano, cada vez mais racional e pragmático, acaba se distanciando desses comportamentos que dão sentido para a nossa ligação com o planeta, mais especificamente com a natureza. Entretanto, essa conexão é de extrema relevância para a nossa saúde e qualidade de vida.

Ter contato direto com a natureza por meio dessa prática pode melhorar e muito a forma como levamos a vida, as nossas relações interpessoais, além de equilibrar as nossas energias e as trocas químicas do corpo.
Praticar o grounding de forma regular pode diminuir sintomas como ansiedade, depressão, medos e frustrações, entre outros que afetam diretamente a nossa vida. Por isso tem-se debatido muito sobre a importância de ficar descalço. A prática traz mais tranquilidade e clareza ao nosso dia a dia.
Principais benefícios do grounding
- Reduz dores crônicas;
- Aumenta a disposição física;
- Melhora a qualidade do sono;
- Equilibra a energia vital;
- Alivia os sintomas de ansiedade e depressão;
- Reduz inflamações.
O que a importância de ficar descalço tem a ver com o Pilates?
Uma das grandes vantagens do método Pilates é realizar os exercícios com os pés descalços. Nosso mestre, Joseph Pilates, já dizia: “Antes de tudo, comece pelos pés”. Ele levava em consideração a importância de ficar descalço.
Como sabemos, a série inicial criada por ele no Reformer chama-se Footwork, ou seja, trabalho de pés. Isso já nos dá uma ótima dica sobre o foco que ele queria que déssemos em cada exercício.
E que delícia que é observarmos, ao longo de uma aula, nossos pés ativos, fortes, flexíveis e firmes. Essas características são muito necessárias durante o nosso dia a dia, já que somos bípedes e precisamos nos equilibrar e movimentar sobre os dois pés.
Temos ainda bons registros de Joseph ensinando Contrologia ao ar livre, com os alunos em contato direto com o solo. Isso nos remete mais uma vez à genialidade desse homem que, no século passado, já nos alertava sobre a importância de estarmos em contato mais próximo com a natureza.

Vamos experimentar?
Sugestão de prática: série de pé
Vá até uma praça ou gramado, pode ser na praia também ou qualquer lugar onde seus pés possam tocar o solo. Descalço, una os calcanhares no “V Pilates” (calcanhares juntos, dedos ligeiramente afastados). Feche seus olhos e conecte-se ao seu corpo. Respire profundamente por algumas vezes e perceba o contato dos pés no chão.
Trazendo a atenção para os pés, observe como estão seus joelhos, coxas, quadris, tronco, ombros, pescoço e cabeça. Mantenha o peso do corpo bem distribuído nos seus pés, abra seus olhos e comece elevando seus calcanhares, assumindo a posição de meia ponta, como se estivesse de salto alto.
Sustente por dois segundos (você pode variar esse tempo) e desça de novo os calcanhares ao chão. Desequilíbrios podem ocorrer (algumas pessoas vão precisar de um apoio em uma das mãos), mas com a prática vamos ganhando confiança e mais estabilidade.
Repita diversas vezes.
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*Paula Beatriz Buiatti é Fisioterapeuta, especialista em Terapia Manual, Instrutora e Mentora Physio Pilates/Polestar Brasil e CoreAlign Trainer pela Balanced Body. Ela está à frente do Studio 6 Pilates.
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