Por Erick Mailson*
Quando se fala de Pilates para reabilitação a primeira imagem que vem na cabeça de profissionais é equipamento e na dos clientes e dos pacientes, a bola. É quase unânime. Não se pensa imediatamente em mat. Experimente perguntar. Até três anos atrás eu também pensava da mesma forma.
Profissões que envolvem o corpo e / ou a manualidade são um ofício, exigem técnica e habilidade específicas. Quando o profissional é envolvido com o que faz, há a necessidade de especialização constante.
A formação Polestar apresenta algumas ferramentas para reabilitação que, particularmente, são muito úteis e estão de acordo com a prática baseada em evidências, assunto bastante em alta nos dias de hoje. A prática baseada em evidência é algo salutar e imprescindível em saúde, pois norteia e endossa todas as escolhas do profissional, especialmente no que tange à avaliação, diagnóstico, intervenção e prognóstico.
Desde minha formação, eu utilizo todas as ferramentas quando penso em reabilitar com movimento, mas há duas que estão presentes em todos os meus atendimentos: aconselhamento biomecânico e o “dever de casa”. Essas são estratégias que facilitam a compreensão teórica e prática da biomecânica da região acometida, bem como o reconhecimento do esquema corporal do indivíduo e, em alguns casos, de sua imagem corporal, desenvolvendo a consciência de um indivíduo funcional, autônomo ou “empoderado”.
Exercícios no mat: caminho sem dor
Partindo deste princípio, e com base no que as evidências nos indicam, traço marcante na formação Polestar, os exercícios no mat (solo, em inglês) tornaram-se uma ferramenta valiosa para um caminho NO PAIN (sem dor) para meus pacientes, independente da patologia, faixa etária, classe social, mas sempre respeitando a sua individualidade.

Inicialmente, a adesão do aluno é difícil. Vai da justificativa da falta de tempo à falta de consciência do próprio corpo. E isso independe de classe social, ou qualquer outra característica, pois é um traço presente em determinados indivíduos. Eles se afastam do próprio corpo, eu costumo dizer que são como Avatar. Mas essa discussão fica para um outro momento.
Menos é mais
Há uma frase presente na nossa formação que diz que “menos é mais”. Ensinar a respirar, sem regras e teorias, já é um bom começo. A palavra é consciência, que logo do ponto de vista da neurociência pode ser associada à propriocepção. Fazer o paciente entender que, pelo menos uma vez ao dia, todos os dias, realizar uma respiração profunda permitirá que ele ganhe mobilidade global na região torácica. Assim, deve o fazer pensando em encher os pulmões de ar o máximo que puder e esvaziar com a mesma intensidade.
Essa ação vai transformando essa caixa torácica no que chamaríamos de cesta torácica: menos rigidez e mais mobilidade. Por sua vez, isso reduzirá seu quadro de dor com benefícios biomecânicos e autonômicos e, consequentemente, sistêmicos. Então, sempre peço de quatro a seis repetições. A chave é também dar significado ao exercício de mat, prescrevê-lo como um medicamento, e que pode ser tomado em casa todos os dias.
Temos as grandes estrelas, os famosos Pré-mat ou Pré-Pilates: Pelvic Clock, Dead Bug, Femur Arcs, Sidelying, Prone Press Up, Standing Roll Down, Quadruped. Todos estes são meus “remedinhos”. E a mágica disso tudo está em decompor o básico, formando engramas para um novo programa motor, porque a grande sacada da reabilitação com exercício é desconstruir a fundação e criar uma nova. Ou seja, reprogramar o controle motor. Para isso, é necessário o conhecimento de biomecânica do corpo humano, a mecânica do exercício, a patologia e, claro, conhecer a atividade “funcional” do cliente/paciente.

Mas por que o mat?
Por que o mat? Por que no mat? Pode ser numa cadeira, pode ser em pé? Liberdade sempre! Pode ser onde você consiga que esse paciente tenha adesão ao autocuidado e desenvolva o prazer em não ter dor. Depois, vem o prazer em se mover. Logo, a escolha do exercício é fundamental. Eu recomendo dois, no máximo.
Pode ser um de mobilidade e um de estabilidade. Ou um de mobilidade torácica e outro global. Ou ainda dois de estabilidade. Já tive casos em que a pessoa tinha uma mobilidade boa de coluna, mas faltava estabilidade escapular, e os sintomas eram cervicais. São muitas as possibilidades. Em movimento, nada é preto e branco, há uma enorme variação. A evidência aponta muitos tipos de dor lombar, por exemplo, assim como o exercício se mostra a melhor estratégia de reabilitação em muitos casos.
Diante disso tudo, recomendo que se apropriem dos exercícios de mat, ensinem dever de casa aos seus clientes/pacientes tornando-os autônomos e empoderados. Ofereçam sempre, uma experiência positiva de movimento.
*Erick Mailson é fisioterapeuta, Educador Polestar Brasil e Educador Core Align.
2 Comentários. Deixe novo
Gostei muito! Parabéns Erick!
Muito bom Erick!!! Arrasou no artigo e nas dicas!