Por Vinícius Boin
Há 15 anos, poucas pessoas conheciam o método Pilates, e apenas algumas já tinham ouvido falar sobre ele. O acesso às informações e à cultura de cuidados com a saúde mudou bastante de lá para cá. Isso também vem acontecendo com a osteopatia nos últimos anos. Atualmente, a procura por serviços específicos como este vem aumentando de maneira relevante e gradativa. E é importante destacar que Pilates e osteopatia formam uma dupla de peso na promoção da saúde.
Ainda que o número de fisioterapeutas osteopatas seja muito pequeno no Brasil – em torno de 200 profissionais -, as escolas que especializam e certificam a prática recebem, cada vez mais, novos alunos. Fisioterapeutas que trabalham com Pilates e apreciam a terapia manual se interessaram pela osteopatia e o contrário também está acontecendo: alguns osteopatas já se certificaram em Pilates.
O que levou esses profissionais a se interessarem por áreas tão diferentes? Seria como se um médico neurologista optasse por estudar ortopedia. Ou, então, como se um anestesista decidisse se inscrever para uma residência médica na área de clínica geral. A resposta é simples, está basicamente associada aos excelentes resultados encontrados por profissionais que priorizam a associação dessas práticas.
- Por que essa interação entre Pilates e Osteopatia?
Podemos afirmar que Pilates e Osteopatia se conectam com precisão, quando o cenário envolve reabilitação e/ou desempenho físico. São modalidades que mostram grande compatibilidade e, por isso, combinam muito bem. Ambas as atividades são conhecidas por trazerem resultados rápidos e eficientes; logo, uma potencializa a outra. Por exemplo, quando um paciente passa por tratamento com fisioterapeuta osteopata e encontra alívio de dores que o incomodam há meses ou até mesmo há alguns anos, ele se sente maravilhado.
É como se fosse um milagre. Entretanto, depois de tanto tempo com movimentos restritos e sem fazer exercícios, esse paciente sente medo ou receio de se mover e machucar novamente. É aí que o Pilates entra! É a atividade mais indicada quando as queixas envolvem fobia ao movimento. Muitas vezes, duas sessões de osteopatia associadas a duas aulas de Pilates trazem o paciente de volta ao universo da qualidade de vida.
O contrário também acontece, por exemplo, quando o praticante de Pilates está acompanhando as aulas e usufruindo dos seus mais variados benefícios. Pode ocorrer, no entanto, que ele sofra um trauma qualquer, como uma queda. Se não houver fratura ou qualquer contraindicação, o osteopata fará uma avaliação e irá tratar qualquer desequilíbrio mecânico em função deste trauma, sem a necessidade de interromper as aulas de Pilates.
Mesmo que haja qualquer outra restrição de mobilidade que desafie ou dificulte o desempenho nas aulas de Pilates, o paciente pode receber manipulações osteopáticas com o intuito de otimizar os exercícios. Resumindo, a junção de Pilates e osteopatia pode proporcionar ganhos enormes ao paciente, se complementando no tratamento de lesões.
- Quando o paciente de osteopatia pode iniciar as aulas de Pilates?
Tudo indica que a maioria dos pacientes que estão em tratamento se beneficiariam muito mais se começassem com brevidade as aulas de Pilates. Não somente aqueles que estão na fase do “medo de se mexer”, mas também aqueles que passaram por tratamentos viscerais e, principalmente, aqueles com disfunções cicatriciais.
Aliás, a osteopatia desenvolve e desempenha grande papel, quando a causa dos sintomas são cicatrizes. As pessoas acham que as cicatrizes são uma lesão que está apenas na pele e que somente outras grandes aderências são prejudiciais. Na verdade, as cicatrizes são captores posturais, podem bagunçar nossa consciência corporal e dificultar nosso desempenho físico.
Nesses casos, após o tratamento da cicatriz com a osteopatia, o paciente poderá utilizar o método Pilates para promover mais consciência corporal. O método aprimora sua capacidade motora, otimizando os ganhos de força muscular, mobilidade articular, agilidade e coordenação motora. Tudo isso com menos gasto energético e baixo impacto.
- Quando o aluno de Pilates deve procurar um osteopata?
A maioria dos alunos de Pilates passam na osteopatia quando sentem restrições de mobilidade ou não conseguem fazer um exercício. Eles sentem rigidez na coluna ou no quadril, tensão em torno da mandíbula ou dor durante movimentos combinados. A osteopatia irá ajudar nesses casos, bem como em muitos outros.
Na Europa, as pessoas costumam passar no osteopata anualmente ou semestralmente. Se os praticantes de Pilates seguissem essa frequência de “manutenção”, provavelmente, o desempenho nas aulas seria ainda melhor. É importante mencionar que a osteopatia preconiza o mínimo de atendimentos necessários para alcançar os resultados. Por sua vez, o Pilates oferece a vivência diária de prática de exercícios.
Pilates e osteopatia sugerem a adoção de bons hábitos alimentares, higiene do sono e descanso proporcional ao trabalho. Pilates e osteopatia são medicinas integrativas e holísticas, que objetivam, segundo seus criadores, o equilíbrio entre corpo, mente e espírito. Esses conceitos são tão poderosos, aliados e completos que, daqui a 10 anos, muitos estarão praticando Pilates e, simultaneamente, frequentando o consultório de um osteopata.
- O que é a osteopatia? Qual a função de um osteopata?
A osteopatia é um método de tratamento manual de detecção e correção de falhas na estrutura do corpo, criado nos Estados Unidos, pelo médico Andrew Taylor Still. Ele defendia que era possível evitar patologias, a partir do cuidado do corpo e suas estruturas. A osteopatia compreende o indivíduo em sua integralidade, prezando o funcionamento coordenado e equilibrado de seu corpo e respeitando sua fisiologia.
As técnicas osteopáticas contribuem para o envelhecimento saudável do indivíduo, lhe oferecendo mais qualidade nessa trajetória de vida. A sessão de osteopatia começa com uma anamnese completa, seguida de avaliações físicas, especialmente na região da coluna e pelve, para detectar alterações que possam afetar a locomoção do indivíduo.
Após identificar os problemas relacionados a lesões apresentadas pelo paciente, o osteopata vai trabalhar para devolver o equilíbrio e a saúde física do paciente. Cada parte do corpo, sejam ligamentos, músculos, ossos ou vísceras, requer uma técnica manual específica de tratamento. Ou seja, a osteopatia também trabalha a integração do corpo em busca da promoção da saúde e da qualidade de vida.
- O que a osteopatia pode tratar?
As enfermidades mais comuns são lombalgias, torcicolos, hérnias de disco, lesões por esforços repetitivos, dores nas costas, em membros superiores e inferiores, cervicalgias, dentre outras. Existem algumas contraindicações ao tratamento, como por exemplo os casos de fraturas, câncer nos ossos e doenças reumáticas inflamatórias.
- Osteopatia x quiropraxia: quais as diferenças?
Ambas as técnicas de osteopatia e quiropraxia utilizam as mãos na manipulação das estruturas do corpo. No entanto, existem diferenças entre os dois métodos. Enquanto a quiropraxia se dedica ao diagnóstico e tratamento dos problemas relacionados à coluna e sistema nervoso, a osteopatia cuida da coluna, do sistema nervoso e também do sistema circulatório, incluindo vísceras, artérias, ligamentos e fáscia.
- Quem pode fazer o curso de osteopatia?
A osteopatia é uma especialidade da área de fisioterapia. Para exercer a profissão, o fisioterapeuta precisa estar regularmente inscrito no seu Conselho de Classe e fazer formação específica em osteopatia. O profissional da área é denominado fisioterapeuta osteopata.
* Vinícius Boin é Fisioterapeuta, especialista em Osteopatia, em Geriatria e Gerontologia e em Ortopedia e Traumatologia. Também é Educador Polestar PIlates Brasil.