Interdisciplinaridade na área da Saúde: Osteopatia e Pilates

Interdisciplinaridade na área da Saúde: Osteopatia e Pilates

As ciências da saúde tiveram um “boom” desde o início do século 21 com pesquisas sobre saúde e movimento humano.

Sendo a “Saúde o estado completo de bem estar físico , mental e social e não apenas ausência de doença” (OMS, 1948), poderíamos dizer que esse bem estar estaria mais completo com um ajudinha extra!

É muito comum hoje em dia encontrarmos profissionais de diferentes áreas da saúde interagindo sobre um mesmo cliente.

Essa interação é a Interdisciplinaridade, a possibilidade de um trabalho em conjunto, em busca de soluções, respeitando as bases disciplinares específicas. (Rosenfield apud Perini at al., 2001).

E é sobre isso que falaremos hoje por aqui, com uma conversa super esclarecedora com o Fisioterapeuta Especialista em Osteopatia Dr. Renan Pivetta, da cidade de Indaiatuba-SP, o qual tenho o privilégio e prazer de interagir há alguns anos sobre clientes em comum.

Essa comunicação “horizontal” com a qual Renan nos descreve abaixo traz a segurança de um trabalho sério, com respeito mútuo pelo trabalho que desenvolvemos em ambientes diferentes, com a máxima de atingir os objetivos dos nossos clientes por meio de terapia e movimento.

Confere abaixo esse bate papo e até a próxima!

1. O que é osteopatia?

A osteopatia é uma filosofia de tratamento que surgiu nos EUA por meio de observações e prática do médico Dr. Andrew Taylor Still. Chegou ao Brasil a cerca de 20 a 30 anos e a fisioterapia a reconheceu como uma de suas especialidades.

É uma disciplina que ensina a enxergar o ser humano por completo, integrando seus aspectos físicos, emocionais e sociais, a partir deste raciocínio fundamenta-se o diagnóstico e direcionam-se as intervenções.

O trabalho do fisioterapeuta em clínica geralmente é realizado por meio de técnicas manuais para melhoria da mobilidade corporal, controle da dor e reequilíbrio do sistema nervoso aliada a exercícios e orientações para otimizar o tratamento do paciente. Em alguns casos deve envolver diversos profissionais no tratamento de um mesmo paciente, de acordo com as suas necessidades.

2. O que você pensa a respeito da interdisciplinaridade na área da saúde?

É um fator fundamental para o sucesso e manutenção da melhora de muitos pacientes, a integração de diversos profissionais, que precisam estar falando a mesma língua, para alcançar os objetivos que os pacientes nos trazem é o grande desafio dos dias de hoje.

3. Você costuma observar diferenças entre pacientes que são fisicamente ativos/inativos?

Isso é indiscutível, a melhora dos pacientes que possuem bons hábitos é muito mais rápida e duradoura do que pacientes com hábitos ruins. A atividade física previne muitas doenças e com toda a tecnologia cada vez mais estamos inativos (e doentes).

4. Como você costuma orientar seus pacientes sobre o medo de se mover?

Há um tempo atrás fiz uma formação com um fisioterapeuta belga, um dos maiores nomes na pesquisa sobre dor crônica e fisioterapia no mundo, e hoje em dia adotei o modelo por eles proposto de “Educação em dor” que visa, por diversas estratégias esclarecer aos pacientes os aspectos relacionados à dor. Além disso converso muito com os fisioterapeutas e profissionais de educação física sobre como abordar esses pacientes aos poucos, os desafiando a realizarem movimentos que tenham medo, de maneira gradual sem forçar. Em resumo as metas giram em torno de evitar que o sistema de defesa do paciente seja ligado durante um movimento e gere dores e contrações excessivas como proteção.
Para você ter ideia tenho pacientes que suam frio e apresentem taquicardia só de pedir para eles imaginarem um movimento que tenham medo de realizar.

5. Quais técnicas de exercícios físicos supervisionados você costuma sugerir?

Procuro sempre sentir o paciente. É fundamental nessa escolha a preferência do paciente, porque o mais importante para mim, o maior objetivo, é que ele tenha adesão à proposta de exercícios.
Então existem os que gostam de academia, de pilates, de funcional, yoga, etc. Os objetivos podem ser mais pontuais em alguns casos e então direciono isso ao profissional que irá conduzir esse paciente. Além disso, sempre peso a condição física, disponibilidade financeira, disponibilidade de tempo, etc. para tomar uma decisão em conjunto com o paciente.
Comigo o diálogo é sempre horizontal, ninguém é superior a ninguém para obrigar a algo, as decisões sempre são tomadas em conjunto e isso me garante uma maior adesão do paciente à proposta.

6. O que você espera no futuro na área do movimento / saúde?

Sinceramente eu espero que os profissionais comecem a estudar outras áreas. Já sabemos bastante sobre prescrição.
Desejo que os profissionais comecem a entender mais o comportamento do paciente em relação ao exercício, melhorem a sua comunicação e aqui vale um parêntese, pois muitos mitos e crenças são passados por nós profissionais e isso cria um ambiente hostil muitas vezes no paciente.
Atendo com frequência pacientes que chegam ao consultório orientados a manter a contração abdominal o dia todo ou pacientes que morrem de medo de realizar um exercício porque tem impacto. Esse será o grande desafio, os profissionais se educarem e atualizarem.
Os exercícios sempre serão necessários e benéficos, outro desejo, que vem junto com a atualização é que os profissionais se tornem mais críticos. A cada dia sai uma nova modalidade que promete milagres, e não é nada mais do que mais um exercício que, quando é testado por pesquisas cientificas mostra-se com mesma eficácia do que uma série de tantos outros. Não acredito que vá existir um exercício milagroso.
Eu desejo profissionais críticos e atualizados.

Renan Pivetta
Crefito 3/134173-F

Graduado em Fisioterapia pela UNESP – Campus Presidente Prudente (2008).
Especialista em Osteopatia pelo COFFITO/Associação dos Osteopatas do Brasil (AOB).
Certificado em Osteopatia (C.O.) pela Escuela de Osteopatia de Madrid – EOM.
Integrante do Programa de Formação Docente da EOM e supervisor das Clínimcas – EOM de Osteopatia.
Membro da Associação dos Osteopatas do Brasil – AOB
Coordenador do Conselho de Ética da AOB
Um dos fundadores e integra a diretoria do projeto Osteopatia sem Fronteiras.

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