Pilates e a Educação dos Sentidos

Cecilia Panelli

Os sentidos não operam separadamente: vemos com a pele, cheiramos com os olhos, comemos com o nariz” (2013, CORONATO e FRANZONI, pág.144)[1].

  No pensamento ocidental atual a visão tem sido o sentido preponderante. Muitas filosofias referem-se à visão, algumas à audição e muito poucas ao tato e ao odor segundo afirmaram CORONATO e FRANZONI (2013).

A percepção sensorial muitas vezes é delegada à um segundo plano, subordinada ao pensamento, principalmente na sociedade tecnológica em que vivemos. Somos diariamente “bombardeados” com uma explosão de estímulos audiovisuais principalmente através de imagens high-tech cada vez com mais intensidade e variedade, como consequência tendo que se tornar cada vez mais sensacionais para obter a nossa atenção.

“Até mesmo o tato é deixado de lado, e o contato físico vem sendo substituído por relações virtuais. Pouco se toca em objetos naturais não industrializados, como uma pedra, a terra molhada, a massa de pão, uma folha de árvore, etc.” (2013, CORONATO e FRANZONI, pág. 145).

Através da aplicação do Método Pilates procuramos maneiras de “despertar” nossos sentidos e aguçar nossas percepções através do corpo como um meio eficiente de comunicação.

Desta forma, não utilizamos músicas de nenhum tipo durante a aula de Pilates, pois a intenção é justamente reduzir o poder imposto pelo som musical, a força que dispõe o sentido da audição, que são razões de nosso comportamento atual. Assim pretendemos aguçar os outros sentidos como o tato, o olfato que são relegados à uma posição hierárquica inferior. Procuramos ouvir as razões de nosso próprio corpo através apenas do som das palavras de nosso professor nos guiando para a execução correta a fim de otimizar a concentração e qualidade do movimento.

A captação de estímulos táteis e do olfato poderão ser otimizadas quando incentivamos o SILÊNCIO. Seria o que denomino: “ A educação dos sentidos”, desta forma procurando desenvolver a capacidade de sentir prazer e estimular sensações diferenciadas através do SILÊNCIO.

Por meio do sistema sensorial realizamos a qualidade de absorção e preparação de informações que vão determinar o controle dos movimentos e sua efetividade. E cada vez mais hoje em dia estamos conhecendo sem sentir nos limitando a uma “educação do pescoço para cima” (ROGERS, 1977, p.46).[2]

Portanto ao educar a concentração do aluno durante a aula sem a utilização de estímulos musicais, e buscar o foco em si mesmo e nas orientações verbais e táteis do professor estamos buscando o desenvolver fatores importantes e essenciais para o despertar dos sentidos.

ALVES (2000, p.134) de forma espetacular complementa: “Já imaginaram, na Faculdade de Educação Física, cursos avançados na arte de cheirar? Absurdo? De jeito nenhum. O nariz é tanto parte do físico quanto as pernas e braços!”

E os Engenheiros do Hawai concluem:

“Eu tenho fé na força do silêncio….”[3]

[1] A experiência sensorial e a experiência sensível nas artes. Vivian de Camargo Coronato e Tereza Mara Franzoni. Artigo revista Urdimento, Dezembro de 2013.

[2] ROGERS, C.R. A pessoa como centro. São Paulo:EPU/EUSP,1977.

[3] Música Força do Silêncio. Engenheiros do Hawai. Fonte: Youtube, 3 de setembro de 2011.

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