O câncer de mama é o câncer mais comum entre as mulheres no Brasil e no mundo. São relatados 28% de novos casos a cada ano no Brasil e 14,6% nos Estados Unidos. A estatística aumenta com a idade. Atualmente existem diversos tratamentos pós mastectomia, dentre eles o método Pilates.
A história do método Pilates com pacientes com câncer de mama é antiga. Joseph Pilates tinha uma aluna que foi submetida a uma mastectomia radical com grande retirada do músculo peitoral maior. Eve Gentry (Figura 1) era bailarina e coreógrafa. Eve Gentry teve diversas repercussões em seu corpo após a cirurgia. Ela já era aluna de Joseph Pilates e resolveu fazer a reabilitação com a ajuda dele. Joseph Pilates resolveu filmar seu trabalho com Eve Gentry para mostrar a comunidade médica os benefícios do seu método. Na ocasião ele mostrou o vídeo em uma reunião médica, mas não foi levado a sério na ocasião.
Você pode conferir esse vídeo no youtube:
O tratamento através de exercícios deve ser iniciado entre 8 a 12 semanas, dependendo da cirurgia e da indicação médica.
Os principais objetivos do tratamento são:
- Restabelecer a amplitude de movimento e flexibilidade do ombro;
- Reduzir a rigidez de peito, costas e caixa torácica;
- Gerenciar a fadiga muscular aumentando a capacidade pulmonar;
- Combater o ganho de peso;
- Restaurar a força muscular e resistência;
- Restabelecer uma boa postura;
- Proporcionar para o corpo a sensação de prazer durante o Pilates;
- Prevenir o linfedema em membro superior. Para que isso não aconteça os especialistas recomendam realizar uma respiração profunda e o uso de uma meia de compressão no membro superior afetado.
A progressão dos estágios de reabilitação deve ser respeitada. Evite aumentar o peso e a intensidade ao mesmo tempo. As progressões devem ser feitas sempre respeitando o limite de cada paciente, com isso diminuímos a chance de linfedema.
Precauções durante os exercícios:
- Entre os exercícios faça movimentos de circundunção para ativar a circulação;
- Sempre inicie com uma série;
- Permaneça com o mesmo peso\intensidade por 3 semanas;
- Mantenha o mesmo peso entre os braços, se possível;
- Faça exercícios cardiovasulares pelo menos 4 vezes por semana. Existem estudos mostrando a importância da caminhada nesses pacientes (HOLMES et al, 2005).
Existem alguns estudos que comprovam o benefício do Pilates no tratamento dos pacientes pós mastectomia. Seguem abaixo os mais recentes:
• MARTIN et al., (2013), realizaram um estudo comparativo com três grupos distintos. O primeiro grupo realizava Pilates, o segundo grupo realizava Treinamento de Resistência e o Terceiro era o grupo controle (sem exercício). Esses pacientes realizaram um protocolo de 8 semanas de exercícios selecionados para cada grupo. Eles verificaram uma melhora na resistência muscular dos dois primeiros grupos e sugerem o Pilates como uma ótima alternativa para o tratamento desses pacientes.
• ZENGIN et al., (2016), também realizaram um estudo comparativo com três grupos distintos. O primeiro grupo realizava Pilates, o segundo grupo realizava exercícios combinados (alongamento e fortalecimento) e o terceiro grupo realizava exercícios em casa. Esse pacientes realizaram um protocolo de 8 semanas com frequência de 3 vezes por semana. Os exercícios de Pilates eram de MAT e também com o uso da faixa elástica. Os exercícios combinados eram de alongamento e fortalecimento associados a respiração. E os exercícios domiciliares eram ensinados previamente por fisioterapeutas que lhe davam um manual para ser feito do mesmo modo em suas casas. O estudo mostrou uma significativa melhora em quase todos os parâmetros analisados tais como: melhora da dor, força muscular e atividade funcional nos dois primeiros grupos quando comparados com exercícios domiciliares. Eles concluem que o Pilates é um método efetivo para o tratamento das pacientes pós mastectomia.
• EYIGOR et al., (2010), realizaram um estudo para avaliar a capacidade funcional, flexibilidade, fadiga, depressão e qualidade de vida em pacientes pós mastectomia. A amostra foi dividida em dois grupos. O primeiro grupo realizou exercícios de Pilates e exercícios em casa e o segundo grupo exercícios em casa. O tratamento era realizado 3 vezes por semana durante 8 semanas. Em todos os testes que os pacientes foram submetidos, o grupo do Pilates foi significativamente melhor antes e após o tratamento. Em contraste o grupo que realizou exercícios em casa não teve melhora significativa antes e após o tratamento em todos os parâmetros. Os autores concluíram que o método Pilates são exercícios efetivos e seguros para o tratamento de pacientes pós mastectomia.
• STAN et al., (2012), realizaram um estudo que avaliava a viabilidade do uso do método Pilates em pacientes pós mastectomia. O estudo analisava o efeito físico e psicológico dessas pacientes. As pacientes foram submetidas a 12 semanas de Pilates. O resultado antes e após o tratamento mostrou um aumento significativo dos parâmetros analisados. Os autores concluem que o Pilates é uma excelente alternativa para pacientes pós mastectomia.
Concluímos então que o Pilates em todos esses estudos apresentou melhora significativa após a cirurgia pós mastectomia de pacientes com câncer de mama. Todos os estudos apontam que ele é uma excelente alternativa para o tratamento dessas pacientes.
Referências Bibliográficas:
HOLMES, C. ET AL. Physical activity and survival after breast cancer diagnosis. Journal of the American Medical ASSOCIATION, 293 (20): 2479-2486, 2005.
ZENGIN, A.A. et al. Effectiveness of Pilates based exercise on upper extremity disorders related with breast cancer treatment. Eur J Cancer Care, (jun 23):1-8, 2016.
Martin, E.B. et al. Improving muscular endurance with the MVe Fitness Chair tm in breast cancer survivors: a feasibility and efficacy study. J Sci Med Sport, (jul 16): 372-6, 2013.
Stan, D.L. et al. Pilates for breast cancer survivors. Clin J Oncol Nurs, (Apr 16): 131-41, 2012.
Eyigor, S. Effect of Pilates exercises on functional capacity, flexibility, fatigue, depression and quality of life in female breast cancer patients: a randomized controlled study. Eur J Phys Rehabil Med, (Dec 46): 481-487.