O Pilates e a dança no Brasil

Pilates e danca no Brasil

Muitos conhecem a história de Joseph Pilates, criador do Método Pilates, e de como o seu trabalho de Contrologia começou. Ele foi exilado no período da I Guerra e trabalhou num hospital com outros exilados e mutilados. Foi neste momento em que o famoso Joseph Pilates iniciou o uso de molas no tratamento médico, o que seria a base para mais tarde o ajudar no desenvolvimento de um sistema de exercícios e equipamentos. Nesse texto, conheceremos a ligação do Pilates e a dança no Brasil.

Mas como a Dança entra na história do Pilates?

Em 1923, Joseph Pilates mudou-se para Nova Iorque e abriu o seu primeiro Studio de Pilates. Seu trabalho, porém, só teve repercussão a partir dos anos 40, principalmente entre dançarinos como Ruth St. Denis, Ted Shawn, Jerome Robbins e Martha Graham. Esta última foi uma dançarina e coreógrafa estadunidense mundialmente famosa, que revolucionou a história da dança moderna, e teve papel significativo na continuação do método Pilates até os dias de hoje.

Após o falecimento de Joseph Pilates, na década de 80, Ron Fletcher, Elder e um dos dançarinos de Martha Graham, abriu seu studio em Los Angeles, em 1970. Clara Pilates, que havia herdado o Studio e o trabalho do seu marido, Joseph Pilates, ficou fascinada com o trabalho de Ron Fletcher e lhe deu permissão para difundir o nome e o trabalho de “Pilates”, que continuava até aqui intimamente ligado ao meio da Dança.

Anos depois, assim como aconteceu nos Estados Unidos (EUA), o método Pilates foi difundido pelo Brasil através da Dança. Na década de 90, o método chegou ao País através de Alice Becker Denovaro, bailarina profissional, que foi a primeira brasileira a se certificar para instrução da Técnica de Pilates. A sua certificação aconteceu nos EUA, depois de a bailarina ter sofrido uma lesão no joelho, e ter usado o método Pilates como forma de ajudá-la na sua reabilitação, permitindo assim que ela voltasse a dançar e ainda melhor que antes. E assim, aconteceu o encontro entre o Pilates e a dança no Brasil.

O encontro

Graduada em Dança pela Universidade Federal da Bahia e mestre em Coreografia pelo Califórnia Institute of The Arts, Alice trouxe da Califórnia o primeiro Reformer. Assim, tornando-se a pioneira do Método Pilates no Brasil. Alice tornou-se posteriormente solista da Companhia de Balé do Teatro Castro Alves, onde adquiriu papel fundamental na preparação de outros profissionais da área. E foi em Salvador, na Bahia, que Alice montou o primeiro estúdio de Pilates do Brasil. Assim, iniciou a disseminação do método em terras brasileiras, o que culminou na criação da empresa Physio Pilates, da qual é Presidente até hoje.

Após a chegada de Alice e do Pilates no Brasil em 1991, o método continuou a crescer entre os dançarinos. Em 1993, chegou a São Paulo, com a incorporação da Contrologia ao trabalho do “Espaço de Dança Ruth Rachou”. A dançarina Ruth Rachou, tendo desenvolvido uma estreita relação com a Escola de Dança de Martha Graham, em Nova York, passou a frequentar o Studio de Robert Fitzgerald, onde os dançarinos da companhia de Martha faziam as suas aulas de Pilates.

O legado construído por Ruth Rachou está compreendido no profundo compromisso com o corpo, pois dedicou-se por toda a vida à transmissão dos sentimentos através da expressão corporal e encontrou na Contrologia a ferramenta necessária, tal qual a espátula de um artesão, para lapidar, ajustar e reorganizar as conexões de seus alunos durante toda a sua carreira”, afirma Rafael Marinho, historiador, fisioterapeuta e educador de Pilates pela TAO Terapias Integradas.

E de que forma o Pilates beneficia a dança?

Nas palavras de Alice Becker, “na hora que você está dançando, não está preocupado (…) com a posição do joelho, está preocupado em expressar aquele conteúdo”. Então, é necessária uma maior consciência do corpo e da biomecânica. Além disso, também uma educação prévia que ajude a prevenir, de maneira quase inconsciente, lesões que a Dança costuma causar. Por exemplo, tendinite patelar, fraturas por stress, entorses, dentre outras.

Para Selma França, bailarina profissional e educadora de Pilates, “a prática da dança profissional traz repercussões muitas vezes negativas para a estrutura músculo-esquelética, pois uma das características desta profissão é a repetição excessiva dos movimentos na busca de refinamento das habilidades motoras e coordenação avançada”. É neste sentido que o Pilates pode ter uma contribuição significativa para a Dança, através dos seus princípios básicos, como concentração, controle, precisão, integração, centralização, fluidez, respiração e rotina.

Com o trabalho de respiração do Pilates, por exemplo, pode-se obter um melhor desempenho na Dança. O método ajuda na respiração controlada, que permitirá aos profissionais ter mais fluidez, ritmo e resistência em sua performance. Exercícios de flexibilidade (um fator de extrema importância no trabalho de bailarinos) também fazem parte do repertório do Pilates. E este foi significativamente influenciado pelo trabalho junto a dançarinos.

A Dança e o Pilates juntos pelo caminho

Podemos afirmar que, durante aproximadamente 60 anos, os profissionais da Dança foram exclusivos praticantes desta metodologia. Mas, graças a esta classe profissional, a então chamada Contrologia desenvolveu-se, solidificou-se, aprofundou-se e disseminou-se mundo a fora. Ainda hoje, o Pilates tem sido usado por muitas companhias de dança em todo o mundo no treinamento de profissionais. Ele ajuda na busca do equilíbrio muscular, da consciência do movimento, da harmonia e da saúde da mecânica corporal.

Mas, da mesma forma que o Pilates beneficia verdadeiramente o trabalho dos dançarinos, é também através da Dança que o Pilates continua a se desenvolver. Por meio dela, se reinventa, perpetuando os princípios de Joseph Pilates.

E você, trabalha ou já trabalhou com profissionais da Dança? Conte-nos um pouco sobre a sua experiência nos comentários!

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2 Comentários. Deixe novo

  • Fátima Regina Rosa Benedetti
    24/05/2022 7:16 pm

    Para mim receber esse artigo foi um presente! Iniciei no ballet clássico com 11 anos. Amava e amo até hoje. Desde menina e até hoje leio artigos e livros sobre dança. Fui a muitos bales importantes em São Paulo e no Rio. Não fui uma bailarina de grande amplitude, mas fui muito elogiada artisticamente. Recentemente, meu último trabalho voltado para dança foi como supervisora pedagógica de dança, onde passei em 1° lugar. Foi incrível!! Tive a oportunidade de observar e passar um pouco da minha experiência prática com aulas de balé, mas o mais importante foi que dentro de mim as leituras ajudaram muito! E transmitir conhecimentos sobre a dança é estar inserido na história humana, política especial, além de estar integrado com a natureza da Arte e tudo o que lhe compõem; não é um trabalho fácil! Mas aplaudo de pé quem o faz!!Minha paixão por tudo isso é muito grande e continuo lendo artigos e livros sobre dança e atualmente estudo um assunto novo sobre Fascia e Pilates.

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  • Cida Araujo
    06/10/2021 3:47 am

    Eu sou formada em Ballet Classico, Jazz, curso técnico em Dança dancei, dei aulas, ainda dou aulas, mas não tenho nenhum curso Superior, só vivência na Dança E me vejo nessa situação, quero aprender o Pilates para meu condicionamento pois já passo dos 50, tenho ótimo alongamento, queria também para ministrar aulas, justamente juntar com o Ballet , mas desisti, pois a normas e condições me fizeram chegar a essa conclusão. As Normas Brasileira, ser formada em Ed Física , Fisioterapia ou Bacharel em Dança que são 4 anos, eu tenho mais de 20 anos na Dança, Clássico é 8 anos. Todas essas exirgencias, fazem a gente desisti do curso, Quero dar aula segura e sem ameaças, Eu confio na minha técnica.
    Dança é Arte, vivência.

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