Treinamento em Pilates e Fisioterapia – uma introdução

Treinamento em Pilates e Fisioterapia – uma introdução

O sistema de saúde ainda precisa encontrar respostas e encontrar uma metodologia confiável para as doenças da vida moderna: dor crônica nas costas, doenças psicossomáticas, patologias por esforço excessivo e muito mais. Uma metodologia que foi desenvolvida no século XX pelo alemão Joseph Pilates, tem grande potencial para ajudar e apoiar com o esforço de uma abordagem ativa para resolver esses desafios de saúde modernos. Neste artigo, o autor quer ilustrar o uso mundial do Método de Treinamento com Pilates e encorajar a integração deste método com a fisioterapia e reabilitação na Holanda.

[metas de aprendizagem]
Depois de ler este artigo divido em 3 partes, você irá:
– Conhecer a história do criador do treinamento de Pilates e sua metodologia
– Definir os princípios subjacentes do treinamento de Pilates
– Ser capaz de compreender exercícios básicos de Pilates e sua relação com a fisioterapia
– Integrar alguns exercícios de Pilates no seu conceito
– Compreender o gerenciamento de casos dentro da metodologia Pilates

1. Introdução

Corpo, saúde e bem-estar no moderno mundo industrializado de hoje se tornam uma questão central para mais e mais pessoas e métodos. Mudanças nos locais de trabalho, digitalização e mudanças de paradigmas, tanto nas estruturas familiares quanto nas redes culturais, precisam de uma nova abordagem para integrar as necessidades pessoais à evolução constantel da sociedade moderna.
Em seu livro “Return to Life“, Joseph Pilates descreve já em 1945 como ele vê o impacto de cada indivíduo na sociedade [pilates 1945]. Ele afirma que o esforço para obter foco pessoal e consciência, capacidade e potencial físico, pode apoiar o indivíduo, bem como a comunidade e fortalecer a sociedade. O treinamento de Pilates não é apenas uma coleção de exercícios, mas é baseado em suas idéias filosóficas e visão de saúde e bem-estar.

Os três princípios fundamentais da filosofia do Pilates são:

  • Saúde de Todo o Corpo: os pré-requisitos para realizarmos nossas muitas tarefas diárias com prazer e alegria são: a aptidão física, um corpo uniformemente treinado e o controle total sobre nossas faculdades mentais. Corpo, mente e espírito devem estar em equilíbrio.
  • Compromisso com o Corpo Todo: o melhor de nossas capacidades físicas e mentais só pode ser alcançado através da disciplina. Ao realizar conscienciosamente os exercícios de Contrologia 4 vezes por semana durante um período de 3 meses, novos níveis de força mental e bem-estar espiritual serão experimentados.
  • Respiração: para o Pilates, a respiração podia ser comparada com uma “ducha interna”, e aprender a respirar corretamente foi o principal objetivo de seu método, precedendo todos os outros objetivos.

Parece claro o que Joe Pilates queria alcançar: um método de treinamento válido para trazer pacientes e clientes de volta à sua própria força e confiança interior e exterior. Por muitos séculos, houve uma separação estrita da mente e do corpo. O método Pilates promove a conscientização do movimento a partir de uma perspectiva interna e promove o movimento de dentro para fora. Seu objetivo era fortalecer os recursos de saúde, e não parecer bom. Ele finalmente queria contribuir para o bem-estar da sociedade muito mais do que o indivíduo. Mas ele estava convencido de que o indivíduo e o desenvolvimento pessoal eram os fatores-chave para esse movimento.
Em sua abordagem metodológica, o treinamento de Pilates enfatiza a interconectividade dos recursos do corpo. Precisamente por este motivo, pode ser usado efetivamente para intervir no círculo vicioso que freqüentemente caracteriza doenças crônicas do sistema músculo-esquelético.
Neste artigo, o autor fará uma atualização, explicará o método, o exercício em si e, posteriormente, descreverá claramente o uso do treinamento de Pilates como um método holístico e potente de treinamento para abordagens abrangentes de tratamento funcional.

“Este mundo em rápida evolução, com o seu ritmo de vida cada vez mais rápido, exige que estejamos fisicamente em forma e alerta (…), que recompensa o empreendedor, mas ultrapassa os que não conseguem”. (Pilates, 1945, p.15)

2. Princípios gerais de Pilates

Chamando seu método de Contrologia, Pilates foi fortemente influenciado pelas tradições de exercício de culturas anteriores e artes marciais asiáticas. Através da prática consistente e precisamente orientada, o praticante pode alcançar uma melhora substancial em seus hábitos de movimento defeituosos. A disciplina exigida pelo Pilates, combinada com a repetição diária dos exercícios, conseguiu estabelecer novos padrões motores e habilidades de movimento, permitindo que o movimento natural e primário fosse recuperado. Em sua opinião, a espinha reflete a verdadeira idade de um ser humano: “Se sua coluna está inflexivelmente rígida aos 30 anos, você é velho. Se é completamente flexível aos 60 anos, você é jovem! ‘(Pilates, 1945)

2.1 Princípios do movimento de Pilates

A geração que sucedeu o Pilates e os professores que foram parcialmente treinados por ele, destilou os diversos e amplos fundamentos de seu trabalho. Um conjunto conciso de princípios tradicionais de Pilates foi concebido para formar a base de cada aula:

  • Movimento do Corpo Inteiro: realização de exercícios com todo o corpo;
  • Respiração: promoção do movimento natural através da respiração consciente;
  • Desenvolvimento Muscular Equilibrado: colocar carga na articulação de forma eficiente através do desenvolvimento equilibrado da força e flexibilidade muscular;
  • Concentração: concentração mental constante durante a prática do exercício;
  • Controle: através do movimento controlado, use apenas a força necessária;
  • Centralização: todo movimento do corpo começa a partir de um centro forte;
  • Precisão: movimentos precisos e definidos realizados com a maior precisão possível;
  • Ritmo: canalizando o ritmo natural do movimento;Seguindo estes princípios de um corpo naturalmente bem desenvolvido e alinhado, todos os exercícios de Pilates, tanto no solo (Mat), como em equipamentos especializados de Pilates, ajudam os pacientes a reintegrarem a sua função perdida e corpo incapacitado tanto quanto possível.

2.2 Exemplos de exercícios tradicionais de Pilates

Os exercícios são chamados de tradicionais se forem ensinados como o próprio Pilates os ensinou.
Seja no solo (Mat) ou no equipamento, os exercícios são realizados em uma ordem pré-definida. Muitas vezes interligados por poses transicionais, há um fluxo de movimento e fusão uniforme de um exercício no seguinte. Devido à sua abordagem holística do movimento, é difícil subdividir o método Pilates em exercícios para regiões específicas do corpo. Os exercícios de Pilates são, portanto, colocados em um contexto metodológico e ligados a grupos funcionais:

  • Coluna cervical, cabeça e ombro
  • Região da coluna torácica e ombro / braço
  • Centro, pelve e perna
  • Extremidade superior
  • Extremidade inferior

Para cada grupo funcional, existem vários exercícios tradicionais. Eles podem ser executados em um colchonete ou nos equipamentos de Pilates especializados, como a Chair (Cadeira), o Reformer e o Cadillac.

 2.2.1 A Chair (Cadeira)

Um exemplo de um exercício na Chair, é a série Swan.

Este exercício facilita a extensão e a rotação guiadas e assistidas do tronco. O pedal da cadeira funciona como um suporte para a parte superior do corpo, enquanto as forças geradas pelo pedal são transferidas através de braços alinhados. Esta série pode ser usada em pacientes com extensão e rotação limitadas na coluna torácica. Os desequilíbrios entre os sistemas musculares interno e externo (ver adiante) da cintura escapular tornam-se aparentes e podem ser re-treinados. Qualquer instabilidade ventral da coluna lombar pode ser melhorada em vários planos de movimento.

  2.2.2 O Reformer

Footwork é um exercício que pode ser feito com o Reformer. A posição inicial supina retira carga da coluna vertebral, tornando o exercício ideal para trabalhar com os seguintes princípios:
Controle: todas as áreas da coluna vertebral, mas particularmente a coluna lombar e pelve com alongamento axial;
Organização do complexo cabeça / ombro / pescoço, em posição neutra;
Alinhamento funcional dos eixos das pernas durante todas as séries de exercícios;
A força compressiva da resistência da mola, facilita a congruência articular e desafia a organização do tronco ativada excentricamente e a estabilização dinâmica dos movimentos das extremidades inferiores simultaneamente, quando realizada corretamente.

A série Footwork é ideal para a avaliação, análise e tratamento de todos os distúrbios de estabilidade dinâmica da extremidade inferior. Devido à posição estável do eixo da perna em uma cadeia fechada, o treinamento em todos os planos de movimento é possível. A série de pés também é benéfica para todos os distúrbios da coluna. Com uma base sólida através das pernas, tanto a estabilidade como o alongamento axial ativo podem ser desenvolvidos.

Séries de Exercício: Paralelo, Calcanhares, Pernas Fechadas: Ênfase nos músculos dorsais da perna, com ativação/ação simultânea dos sistemas musculares interno e externo conectando a cintura pélvica e as extremidades inferiores. Estabilização do tronco com movimento dissociado nas articulações do quadril e joelho.

 2.2.3 Cadillac

A capacidade de estabilizar dinamicamente a coluna durante a flexão é essencial para a função e a saúde da coluna vertebral.

O exercício Roll Down no Cadillac é um exercício que foca na articulação equilibrada da coluna, com alongamento axial, de forma assistida, assim como conexão do movimento com uma cintura escapular ativada.

Indicações: uma inaptidão de articular ativamente a coluna de sentado para deitado em supino e vice-versa, afetando de forma adversa, movimentos de vida diária. Segmentos da coluna dolorosos, bloqueados, ou patologias de disco sub agudas, requerem assistência durante a articulação, para facilitar a ativação segmentada dos estabilizadores locais. Alongamento Axial tem um papel vital durante a flexão de coluna.

Séries de Exercícios: Pernas estendidas ou dobradas. O exercício inicia no plano sagital, transfere peso para a coluna, com leve extensão da articulação do quadril. A ativação excêntrica dos músculos do quadril é acompanhada de uma forte conexão dos músculos anteriores, laterais e posteriores do tronco. A cabeça e os ombros devem estar posicionadas no espaço de forma apropriada durante todo o movimento.

2.2.4 Exercícios de solo (Mat)

Exemplos de exercícios tradicionais para o grupo funcional ‘Centro, pelve e perna’ são Respiração, Bridging, Hundred, Side Kick e Dart.

 

Respiração

 Respiração. Em supino com coluna neutra, pernas estendidas ou retas. Coloque as mãos nas laterais inferiores da caixa torácica. Respire nas mãos (respiração de Pilates). Inspire pelo nariz e expire pela boca. Deixe a parede abdominal e as costelas afundarem com a expiração. Aumente suavemente a ativação do assoalho pélvico: inspire mantendo a parte inferior do abdômen plana e expire.
Objetivo: Integrar o movimento respiratório tridimensional enfatizando o diafragma e as estruturas conectadas.

Bridging

Bridging. Posição inicial ativa: sacro e costelas apoiados no colchonete. Pernas dobradas na largura do quadril, braços nas laterais com as palmas voltadas para baixo. Inspire e, durante a expiração, role a coluna vertebral p/ cima, vértebra por vértebra, começando pelo cóccix e subindo até as omoplatas; repita. Inspire e, na expiração, role para baixo vértebra por vértebra. Objetivo: Movimento segmentar da coluna, estimulando o fator de descompressão (alongamento axial) e dissociação.

Cem

Hundred. Posição inicial ativa: supina, pernas juntas e flexionada a 90/90 °, braços ao lado do corpo. Inspire, os braços alcançam para o teto, os ombros afundam no colchonete. Expire e role a parte superior do corpo para cima. Mantenha os braços ao lado do quadril, as pernas juntas e estendido em direção ao teto. Abaixe as pernas em direção ao colchonete (não exceda o ponto em que a pélvis pode ser mantida estável), inicie pequenos movimentos de bombeamento controlados com braços estendidos, i. e., mova os braços aprox. 10 cm para cima e para baixo. Inspire por 5 contagens e expire por 5 contagens, respirando uniformemente (100 pulsações no total, daí o nome’ Hundred ‘).
Objetivo: A integração de todas as camadas profundas e conectadas do centro é focada com a facilitação da respiração como uma força de suporte.

 

Kick Side. Deitado de lado sobe o lado direito, com as pernas dobradas: flexão de 90 ° nos quadris e nos joelhos. Posição inicial ativa: coluna sob tensão dinâmica, cintura afastada do tapete. Cabeça descansando no antebraço, braço de cima fornece suporte. Inspire e levante a perna de cima até a altura do quadril, expire e mova a perna de cima em direção à parte de trás (extensão do quadril). Inspire e mova a perna de cima para a frente (flexão do quadril). Objetivo: Em uma posição mais desafiadora, com menos bases de apoio, a estabilização tridimensional é necessária para não inclinar ou girar em segmentos instáveis da cadeia de movimento.

Dardo

Dart. Posição inicial ativa: prona. Curve o cóccix ligeiramente para dentro. Leve os ísquios em direção aos calcanhares. Pernas paralelas, na largura do quadril. A cabeça é uma extensão da coluna com alongamento axial. Braços ao longo do corpo, polegares apontando para baixo. Inspire enquanto estende a coluna cervical e levante a parte superior do corpo, estenda as mãos pelo colchonete em direção aos pés e, em seguida, expire. Inale elevando a parte superior do corpo, expire novamente e desça. Objetivo: Ensinar o envolvimento torácico para extensão em integração com a cadeia posterior de estabilização profunda.

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