Pessoa ostomizada é aquela que passou por um procedimento para abertura de um orifício no corpo, com o objetivo de instalar uma bolsa para eliminação de fezes ou urina ou ainda para ajudar com a sua alimentação (gastrostomia) ou respiração (traqueostomia). O tema ganhou mais espaço na mídia e nas redes sociais com a repercussão do caso de Preta Gil. A artista, submetida a um tratamento de câncer, precisou instalar uma bolsa e concedeu entrevista desmistificando o assunto. Aproveitando esse gancho, vamos esclarecer nesse artigo se o ostomizado pode fazer Pilates e como deve ser a relação dele com a atividade física.
Várias circunstâncias podem gerar a necessidade dessa cirurgia. No caso específico da cantora Preta Gil, a intervenção veio como parte do tratamento contra o câncer. Mas é possível que o indivíduo apresente a necessidade de abrir esse canal de comunicação entre o interior do corpo e o mundo externo em razão de alguma doença intestinal inflamatória, ou ainda uma má formação congênita, tumores no intestino etc. O procedimento é adotado quando se faz necessário para assegurar a vida do paciente, mas nem sempre é definitivo. Há casos em que a medida é apenas provisória, com previsão de reversão posterior.
E então o ostomizado pode fazer Pilates?
Apesar de ser uma cirurgia invasiva, o procedimento não cria por si só uma restrição à prática de atividade física. Mas cada caso é um caso, e cabe à equipe de saúde que acompanha o paciente indicar se aquele ostomizado pode fazer Pilates. Então, o primeiro passo é justamente conversar com os profissionais de saúde sobre a possibilidade. Havendo a liberação médica, a atividade física mostra-se como mais uma terapia importante.
As semanas que seguem após a cirurgia não são fáceis, porque exige também uma adaptação da pessoa à sua nova condição. Mas esse período passa, e a pessoa se recupera. No geral, portanto, a atividade física é muito benéfica para as pessoas ostomizadas, tanto para o corpo, quanto para o lado psicológico e social. Além de fortalecer os músculos e ossos, melhorar a flexibilidade, equilíbrio e coordenação motora, dentre tantos outros benefícios, a prática do Pilates é uma forma de socialização, que eleva autoestima e o humor.
Então, a priori, não há contraindicações genéricas à prática de atividade física por pessoas ostomizadas. Depois de restabelecido da cirurgia, ele pode retomar sua rotina normalmente, o que inclui os exercícios. Mas claro que a prática de esportes de alto impacto e contato requer cuidado e atenção especial. Além disso, o estoma eleva o risco de surgimento de hérnia, para o caso de levantamento de peso excessivo. A recomendação é ouvir a opinião do médico e seguir sua orientação.
E com relação ao Pilates, ele mostra-se uma modalidade bastante propícia, porque apresente um repertório de exercícios rico, flexível e adaptável. Ou seja, vai acompanhar todo o processo de recuperação do indivíduo, oferecendo as intensidades e níveis certos para cada momento.
Dicas para o profissional de Pilates no atendimento a ostomizados
Os ostomizados são considerados pela legislação brasileira pessoa com deficiência. Então, o profissional de Pilates precisa ter conhecimento sobre o tema. Assim, ele estará apto para avaliar o paciente, compreender as suas limitações e indicar a sequência de exercícios mais apropriada para cada caso.
Ouvir o aluno, entender se alguma posição o faz se sentir desconfortável, por exemplo, é também papel do profissional. Investigar o seu estado de saúde e de espírito nos dias de aula vai ajudá-lo a definir o repertório de movimentos mais adequado para aquele dia.
É importante também checar com o aluno se ele adotou as medidas para proteger a região abdominal sempre antes de iniciar cada aula.
Mas mantenha longe de sua relação com o aluno condutas valorativas negativas. O capacitismo é discriminação em relação à pessoa com deficiência e ocorre quando o profissional passa a tratá-la como se fosse inferior ou incapaz em razão de sua situação. No mais, é ter empatia e atenção, tendo em vista que a aptidão física é de suma importância para a qualidade de vida daquela pessoa.