Pilates auxilia na recuperação de pacientes em reabilitação

A reabilitação é definida pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito) como uma proposta de atuação multiprofissional voltada para a recuperação e o bem-estar biopsicossocial do indivíduo. Em outras palavras, reabilitar significa restabelecer, recuperar ou atenuar incapacidades que tenham sido causadas por enfermidades físicas ou neurológicas. Dessa forma, diversos profissionais podem atuar conjuntamente em um processo de reabilitação. Um deles, é o fisioterapeuta com formação em Pilates.

Doenças crônicas, acidentes, lesões advindas com a gestação ou o parto, questões neurológicas, patologias diversas, são muitos os casos que podem precisar passar por um processo de reabilitação. Assim, falar de reabilitação é falar da recuperação de perdas funcionais ou da preservação dessas funcionalidades, sejam físicas, psicológicas, sensoriais ou intelectuais. Certamente, o Pilates é um método auxiliar nesse protocolo, cientificamente comprovado, capaz de promover resultados positivos bastante significativos.

Por meio da reabilitação, o indivíduo pode recuperar total ou parcialmente a autonomia, a independência e a capacidade de interação social, melhorando consideravelmente a sua qualidade de vida. No entanto, é preciso ficar atento ao buscar o Pilates para reabilitação. Apenas o profissional graduado em fisioterapia e que possui formação específica em Pilates está legalmente habilitado para usar o método com o propósito de reabilitação.

O que é o método Pilates?

Pilates trabalha conjuntamente o corpo, a mente e o espírito, a partir de exercícios que utilizam o peso do próprio corpo ou equipamentos específicos. Os movimentos desenvolvidos no Pilates promovem a melhoria da consciência corporal, do controle muscular e da qualidade de vida do praticante. Mais importante do que o número de séries, a velocidade de execução ou a quantidade de sequências é a qualidade do movimento executado pelo aluno durante uma aula de Pilates.

Os benefícios do Pilates são muitos. Para exemplificar, o método auxilia no ganho de flexibilidade, no fortalecimento muscular, no desenvolvimento de resistência física, na estabilidade e na mobilidade articular. Além do mais, a prática é ainda responsável pela expansão da consciência corporal, da noção espacial, do equilíbrio e da concentração. O Pilates corrige problemas posturais, atua na prevenção e no tratamento de lesões diversas, promove o bem-estar, o relaxamento e eleva a autoestima dos praticantes.

Um dos pontos mais importantes, quando o assunto é Pilates, diz respeito à inexistência de contraindicações absolutas ao método. Qualquer que seja a limitação do indivíduo, o Pilates possibilita a criação de treinos alternativos, adaptados e direcionados àquela condição. Além disso, é um método bastante democrático, porque pode ser praticado de crianças a idosos, totalmente saudáveis ou portadores de necessidades especiais.

Quais os princípios do Pilates?

São seis os princípios que orientam a prática do Pilates: concentração, controle, centralização, respiração, fluidez e precisão. Juntos, eles fundamentam o método, na busca pelo controle consciente do movimento, a partir de aspectos fisiológicos, anatômicos e cinesiológicos.

Concentração

A realização do movimento e a transição entre os exercícios durante a prática do Pilates deve ganhar toda a atenção do praticante. É preciso se concentrar em cada parte do corpo no momento da execução de um exercício, e não apenas nos músculos ali envolvidos. Esse comportamento vai auxiliar na eficiência do movimento.

Controle

O controle tem relação com o domínio do posicionamento do corpo e do movimento, com vistas ao melhor desempenho na sua execução. O indivíduo precisa estar focado nos músculos que estão sendo exigidos em cada exercício requerido na aula de Pilates. O controle auxilia na coordenação motora e é fundamental para a estabilização da coluna e para o alinhamento correto do corpo durante o movimento.

Precisão

Quando o indivíduo faz a integração de todo o corpo e suas partes entre si , com controle espacial, além de refinar a propriocepção – percepção interna do corpo no movimento-, ele consegue alcançar o melhor resultado na sua execução. A precisão leva em conta, além dos objetivos pessoais do seu cliente, as adaptações necessárias à condição do paciente e a seus limites. A precisão resulta da integração do controle e equilíbrio entre estabilidade e mobilidade durante o movimento.

Centralização

Sempre foi pensada no mundo do Pilates em sua relação com a musculatura do centro de força do indivíduo, o Power House, como o que dá suporte e sustentação ao corpo. Hoje o conceito se ampliou, integralizando todo o sistema de fáscias e sua tensegridade como nosso “centro de força”. O centro de força é ativado sempre que a pessoa dá início ao movimento, e quando ela integra todo o corpo e não apenas as camadas da região abdominal, como se pensou por muitos anos. Essa consciência de integralidade de todo o corpo promove o fortalecimento muscular equilibrado e harmônico, assim como o alinhamento corporal.

Respiração

A respiração é treinada para trabalhar de maneira coordenada com os exercícios. O trabalho respiratório é realizado de forma natural e dinâmica, auxiliando na melhora da função pulmonar e na eficiência do movimento. No método da Polestar Pilates, a respiração é utilizada também como uma ferramenta de trabalho, facilitando a organização do corpo e até mesmo desafiando-o. Mas é sempre fundamental para a execução assertiva do movimento de acordo com os objetivos traçados. O ciclo respiratório entra em total sincronia com a ação dos músculos.

Fluidez

A fluidez é a execução consciente, concatenada e equilibrada dos movimentos. O movimento no Pilates pode ser contínuo, controlado e executado com leveza, ou pode ser ritmado e pulsado, mais energético, estimulando as diferentes qualidades das fáscias e dos movimentos funcionais da nossa vida. Em geral, os movimentos não causam impacto no solo. Também não são executados de forma brusca,  desorganizada ou danosa. Ao contrário disso, se prima sempre pela qualidade, integração de todo o corpo, atenção e presença na execução dos movimentos com fluidez e ritmo. Tudo adequado aos objetivos e necessidades de cada aluno ou paciente.

Como o Pilates ajuda na reabilitação?

O Pilates é um método de eficácia cientificamente comprovada e muito seguro, quando orientado por um profissional capacitado. O método oferece uma enorme variedade de exercícios que podem ser utilizados no processo de reabilitação do paciente, acelerando a sua recuperação. Por ser uma atividade de baixíssimo impacto, com princípio de organização corporal priorizados a todo momento, o Pilates não causa danos nas articulações, ossos nem músculos.

Exercício de Pilates para reabilitação
Crédito: Physio Pilates

 

Outra característica relevante do método é a integralidade no trabalho com os pacientes em reabilitação. Ao mesmo tempo em que trata a lesão, o Pilates promove o fortalecimento e o equilíbrio de todos os tecidos e regiões do corpo, de fora para dentro e de dentro para fora. Como resultado, o paciente pode conquistar uma série de ganhos extras com a prática, como a melhora da circulação, dos líquidos do corpo, da produção da química que promove a sensação de bem-estar e do equilíbrio físico, mental e emocional.

A versatilidade do método permite ainda que ele seja utilizado em praticamente todos os públicos e tipos de tratamento. Isso significa que o Pilates é super adaptável, se encaixa perfeitamente na necessidade, demanda e interesse de cada paciente. Seus exercícios podem ser reformulados, de forma a suprir as restrições de cada paciente. Para isso, conta com o auxílio de uma variedade de acessórios e equipamentos que imprimem estímulos e exigem esforços distintos. Eles apoiam o corpo, oferecem referências (feedback) para o posicionamento adequado e facilitam a mobilidade ou a estabilidade demandada.

Para exemplificar o alcance do Pilates no processo de reabilitação, reunimos aqui algumas das inúmeras aplicabilidades do método. Lembrando que é fundamental escolher um profissional da área clínica habilitado, que tenha formação específica e de qualidade em Pilates, se o intuito é a reabilitação. Para os demais objetivos, outras áreas profissionais, como as diversas áreas de movimento também podem fazer curso de formação em Pilates para atuar dentro de seu escopo de prática.

Pilates e reabilitação de AVC

O Acidente Vascular Cerebral é resultado de uma isquemia ou hemorragia no tecido encefálico. O entupimento ou rompimento de vasos que levam sangue ao cérebro provoca paralisia na região atingida pela falta de circulação sanguínea. A agilidade no diagnóstico e no início do tratamento é fundamental para o paciente.

O AVC pode deixar sequelas complexas nos sistemas sensorial e motor. A doença atinge, em sua maioria, homens em idade avançada. Além disso, normalmente, as vítimas de AVC fazem uso de ventilação mecânica por tempo prolongado, comprometendo a função respiratória. Nesse contexto, o processo de reabilitação de AVC pelo Pilates pode proporcionar melhorias motoras e respiratórias no paciente, trabalhar a funcionalidade e elevar sua qualidade de vida.

Na parte motora, é possível ganhar amplitude de movimento ou fazer com que a situação mantenha-se estável, sem agravamento. Também atua, o método, na melhoria da mobilidade, da coordenação motora, flexibilidade e postura. As sequências de exercícios são montadas a partir do quadro atual do paciente e evoluem acompanhando a sua evolução. Na parte respiratória, o paciente pode recuperar a capacidade pulmonar.

Pilates e reabilitação cardíaca

A atividade física é um dos principais tratamentos não medicamentosos para a reabilitação cardiovascular. Os pacientes cardiopatas passam por níveis de recuperação. Resumindo, a fase hospitalar ocorre durante o internamento. O período pós-alta prioriza a retomada das atividades do paciente. A etapa seguinte busca desenvolver o condicionamento físico do paciente, com supervisão e acompanhamento médico. Ela persiste até que o paciente alcance a última fase de evolução física e fique mais independente.

O Pilates é uma intervenção no processo de reabilitação cardíaca que produz melhorias consideráveis na qualidade de vida de pacientes cardiopatas. Além de restabelecer funções, o  uso do método promove o condicionamento muscular e respiratório. E ainda pode reduzir a quantidade de internações e, também, a mortalidade desse público. Ademais, o método promove uma evolução na parte clínica do paciente, desde que haja liberação médica para a prática e acompanhamento de profissional habilitado.

Pilates e reabilitação de hérnia de disco

Os discos intervertebrais estão localizados entre as vértebras cervicais, torácicas e lombares. Dentre outras funções, eles servem como amortecedores e impedem o choque entre as vértebras. Sua composição é de tecido fluido, cartilaginoso e elástico, que vão se desgastando ao longo do tempo. Por consequência, ocorrem degenerações, como a formação da chamada hérnia de disco.

Exercício de Pilates para reabilitação
Crédito: Physio Pilates

 

Não há como negar a importância da coluna para a saúde e qualidade de vida das pessoas. Afinal de contas, ela não só atua na sustentação, como também na mobilização e estabilização dos movimentos  do corpo. Ela ajuda no alinhamento, na simetria e no controle dos movimentos produzidos pelo corpo.

O Pilates para a reabilitação em pacientes com hérnia de disco é especialmente importante por estimular a consciência de como se mover de forma saudável, e promover o alongamento, fortalecimento e equilíbrio funcional da musculatura de toda a região que envolve a coluna. E desta com todo o corpo de forma integrada. Ele ajuda com a flexibilidade, a postura e a redução das dores, produzindo benefícios em todos os estágios da doença e, principalmente, na prevenção de sua ocorrência.

Pilates auxilia na reabilitação
Crédito: Physio Pilates
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