Você sabe o que é um respirador bucal? Conhece alguém assim?
A Síndrome do Respirador Bucal é verificada quando a substituição da respiração nasal por respiração bucal se dá durante um período prolongado e pode estar relacionada com obstruções nasais, hábitos bucais inadequados ou fatores genéticos. Essa síndrome se caracteriza por distúrbios dos órgãos da fala e articulações, associados com alterações funcionais, estruturais, patológicas, posturais e comportamentais. Alguns estudos concordam com as características citadas, ao referirem como reflexos da respiração bucal, aspectos como: insônia, agitação, hiperatividade, dificuldade de aprendizagem, sonolência diurna, cansaço frequente, olheiras, ronco, baba noturna, baixo apetite, crescimento físico diminuído e alterações posturais.
As alterações posturais desencadeadas pela respiração bucal estão relacionadas ao fato de o corpo humano se adaptar para facilitar a passagem de ar das vias aéreas superiores às vias aéreas inferiores, promovendo a anteriorização e a extensão da cabeça. Como os músculos trabalham de forma sinérgica e são organizados em cadeias, esse deslocamento da posição da cabeça, que muda o centro de gravidade, altera toda a mecânica corporal. Dentre as alterações posturais desencadeadas pela respiração bucal, estão, além da anteriorização e extensão da cabeça, a anteriorização dos ombros, o aumento da lordose lombar, a anteversão pélvica, o abdômen protruso, os joelhos valgos e os pés planos.
Essas compensações podem ser explicadas pelo fato de nossos músculos serem organizados anatômica e funcionalmente relacionados por meio de cadeias musculares e agirem sinergicamente com o objetivo de manter o equilíbrio postural.
Por tanto, a atividade física possui papel fundamental, pois reeduca a respiração, melhora a ventilação pulmonar, previne e corrige as deformidades torácicas e as alterações posturais e reeduca a musculatura envolvida nas alterações apresentadas.
O tratamento para o respirador bucal deve ser sempre realizado por uma equipe multidisciplinar, onde o otorrinolaringologista e/ou alergologista serão responsáveis pelo tratamento da doença obstrutiva; o odontologista irá corrigir os problemas de oclusão dentária; o fonoaudiólogo irá trabalhar a musculatura facial e fonação da criança e o fisioterapeuta e/ou instrutor de Pilates irá corrigir os desvios posturais.
Por isso, o Pilates tem sido bastante procurado, por prevenir, minimizar e corrigir desvios posturais através de exercícios que se adequam e respeitam os limites e as necessidades de cada um.
Os exercícios mais indicados para iniciar são os que reeducam a respiração, mobilizem a coluna e fortaleçam o “core”, além de equilíbrio e alongamentos. Assim fica mais fácil realinhar a postura do respirador bucal e aos poucos pode-se introduzir exercícios mais complexos e de fortalecimento global.
Abaixo, dois exercícios que eu gosto muito de usar, o “Dart” e o “Swimming”. Eles trabalham a respiração pulsada e organizada em posição de extensão de coluna, modificando totalmente o padrão do respirador bucal. Esses movimentos irão desconstruir a postura rígida e estimular uma postura mais adequada.
DART:
Realizar a extensão de coluna e elevação dos braços pulsando 3 respirações e voltar o tronco ao solo.
SWIMMING:
Alternar braços e pernas como se estivesse nadando, pulsando a respiração.
Joseph Pilates dava tanta importância a respiração que sempre dizia:
“A respiração é o primeiro e o último ato de nossas vidas”.
Portanto, vamos ficar atentos a essas características e começar uma reeducação postural o mais cedo possível. O respirador bucal pode e deve ter uma vida mais saudável e com mais qualidade.
Afinal, é mais feliz, quem respira pelo nariz!!!
1 Comentário. Deixe novo
Muito interessante o tópico. Tenho 26 anos e respiro pela boca há anos e só agora que quero corrigir isso. Tenho mordida cruzada também e terei de usar aparelho. É possível corrigir essas alterações posturais e voltar a respirar pelo nariz na fase adulta?