Pilates e Respiração

Pilates e Respiração

O Método Pilates já nasceu com uma relação muito estreita com o tema respiração.

Seu criador, o Joseph Hubertus Pilates, foi uma criança raquítica e asmática e passou uma vida inteira pesquisando atividades físicas que melhorassem sua função respiratória e por conseqüência o desenvolvimento corporal. Um apaixonado pelo movimento, Joseph Pilates foi buscar informações que muito contribuíram para o que hoje conhecemos como seu método, em atividades como Yoga e nas diversas modalidades de lutas (Wrestling). Além disso, ele foi artista de circo, pára-quedista e esquiador. O resultado disso? Sucesso no seu objetivo. Joe, como era chamado por seus amigos, provou no próprio corpo que seu método era eficiente e quando adulto tornou-se modelo para aulas de anatomia.

O Método Pilates, ou Contrology, como era chamado originalmente por seu criador, vem demonstrando na prática, ao longo dos seus quase cem anos de existência, que otimiza a respiração e potencializa a capacidade respiratória.

A respiração é mais freqüentemente automática e inconsciente, mas também pode ser um ato voluntário e consciente. Ela influencia e é influenciada por nossas ações e emoções. Ela ocorre nas vísceras, mas envolve também músculos, ossos e articulações. O primeiro objetivo da respiração é a troca de gases: O2 e CO2. Em parceria com o sistema circulatório, ela leva oxigênio para as células dos diferentes tecidos do corpo e elimina o dejeto produzido por este funcionamento: o gás carbônico. Mas existem muitos outros objetivos que não estão necessariamente ligados a oxigenação, como por exemplo, organizar o corpo quando nos movemos, otimizar a postura, a emissão da voz quando cantamos ou falamos, promover relaxamento ou tensão e força.

É importante conhecer um pouco as estruturas que participam da respiração e as formas diferentes de respirar que possuímos. Quanto mais clara é a prática do ato respiratório, melhor será a compreensão que teremos do porque respiramos espontaneamente de um modo em determinado momento e por que podemos escolher conscientemente outro modo para atingirmos determinado objetivo.
O principal músculo da inspiração, ou seja, da entrada do ar, é o diafragma. Este se conecta com a coluna em diversos pontos, desde bem alto no tronco até a base, contribuindo inclusive com o movimento do assoalho pélvico. Além disso, o diafragma se relaciona com músculos abdominais e órgãos internos, além de influenciar outros sistemas como nervoso e circulatório. Uma respiração otimizada mobiliza as costelas que por sua vez se conectam com a coluna vertebral na região do tórax, provocando a mobilização do sistema nervoso autônomo que ali se encontra descansando, e que dentre suas atividades, é responsável pela digestão, reprodução, sono e relaxamento. Um diafragma inibido ou que não funciona bem pode afetar todos estes sistemas e contribuir para disfunções diversas, como por exemplo, dores nas costas, má postura, dificuldades com o sono ou defecação, má digestão, irritabilidade, cansaço e até mesmo depressão.

A respiração normalmente se distribui em três planos principais: anterior-posterior, lateral e superior-inferior. Normalmente, com o Pilates, buscamos um equilíbrio destes três planos respiratórios. Nenhuma destas respirações é a correta, nem totalmente nociva ou boa; precisamos saber equilibrá-las, otimizá-las e diferenciá-las, desenvolvendo a consciência do momento em que cada uma delas é mais indicada ou necessária.

A respiração pode ser enfatizada como instrumento para atingir qualidade na execução dos movimentos. O contrário também acontece, pois movimentos adequados com a região do tronco estimulam e ampliam a entrada e saída de ar dos pulmões. Um exemplo claro e muito útil disso é o de curvar a coluna para frente (flexão) ou para cima e para trás (extensão) usando a expiração ou a inspiração respectivamente, como ferramenta para facilitar estes movimentos. Quando expiramos com mais força e colocamos as mãos na barriga, sentimos a ação dos músculos abdominais, que são os músculos que nos curvam para frente. A expiração facilita a mobilização da coluna em flexão e por isso expiramos quando queremos subir o tronco da posição deitado para sentado num exercício abdominal, por exemplo. Desta forma estaremos economizando gasto energético e sendo mais eficientes na execução do exercício. Por outro lado, se estamos sentados ou de pé e inspiramos profundamente, sentimos o peito subir e a coluna iniciar um arco para cima e para trás. Assim, quando alguém possui dificuldades em abrir o peito ou fazer a extensão de coluna, podemos ajudar estes movimentos usando a inspiração profunda.

Os fumantes ou as grávidas no terceiro trimestre da gestação com freqüência têm sua capacidade respiratória diminuída. Normalmente utilizam mais a respiração superior, subindo o peito e muitas vezes, os ombros. Essa respiração que denominamos de acessória, normalmente é utilizada em casos extremos, quando este meio litro de ar se torna fundamental para atingir o objetivo pontual, a exemplo de um final de corrida. Quando ela passa a ser a respiração principal, ela sobrecarrega os músculos do pescoço, que aumentam de volume e comprimem nervos e artérias que passam por entre eles e seguem para alimentar os braços. Quando isso ocorre, pode provocar dor e perda de força dos membros superiores, além de inibir o diafragma e prejudicar a postura em geral. A troca de gases (Co2 e O2) neste caso, também torna-se ineficiente.
Já uma respiração profunda ou forçada, utilizada como ferramenta para facilitar a execução de diversos exercícios de Pilates e que pode ser também provocada por estes movimentos, otimiza essa troca de gases e é um excelente treino para os abdominais. Quando bem desenvolvida, ela explora movimentos laterais, inferiores e posteriores desta “cesta” torácica formada por nossas costelas, a coluna e o osso externo na parte anterior. Quando esta troca é mais eficiente, o resultado é uma melhora do humor, da imunidade, da saúde dos mais diversos tecidos corporais, diminuindo a depressão a irritação e o cansaço, tão comuns nos que utilizam a respiração acessória como fonte principal.
Joseph Pilates dizia que a execução disciplinada dos exercícios de sua Contrologia, funcionava como um “chuveiro interno”, provocando “fluxo sanguíneo com renovado vigor”. Aprender e respirar adequadamente era fundamental e para isso orientava: “esprema cada átomo de ar dos seus pulmões até que eles estejam quase tão livres de ar como o vácuo”.

É possível através do Pilates, devolver aos sedentários, fumantes e ex-fumantes, gestantes do terceiro trimestre e tantas outras pessoas que com freqüência não respiram de forma eficaz, uma organização corporal mais eficiente, uma conseqüente otimização da respiração e melhora da qualidade de vida, além de prevenir futuros problemas corporais diversos.

Cito aqui uma frase que considero de profunda beleza e significado, que está registrada no livro “Return To Life Through Contrology” escrito pelo mestre Joseph Pilates, publicado em 1945, e que revela a importância deste tema:

“A respiração é o nosso primeiro e último ato de vida”.

Texto de Alice Becker- Presidente da Physio Pilates – Educadora Physio Pilates – Polestar- contatos: cursos@physiopilates.com- tel 71 33818000

Fonte: Pilates com Qualidade

Bibliografia:
– Return To Life Through Contrology, Joseph Pilates and William J. Miller,
originalmente publicado em 1945 e posteriormente The Millennium
Edition, 1998 by Presentation Dynamics
– Respiration: Anatomie – geste respiratoire , Blandine Calais-Germain, Editions DésIris, 2005, (editora Manole)
– Dr. Breath, The Story of Breathing Coordination, 1970, 1981 by Carl Stough and Reece Stough, (Stough Institute)
– Anderson BD, Spector, A. Introduction to Pilates-Based Rehabilitation. Othopaedic Physical Therapy Clinics of North America 9:3, 395-410, September 2000.
– Respir – Ações, A Respiração para uma Vida Saudável, Phillippe Champignion – (Summus Editorial)

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