Pilates de qualidade e o movimento organizado

análise do movimento organizado

Em um Encontro Sudeste da Physio Pilates realizado em São Paulo há alguns anos, tive a felicidade de fazer um curso com Beth Kaplanek. Tratava-se de um workshop a respeito do trabalho a ser desenvolvido com pessoas que têm próteses parciais ou totais, tanto de joelho quanto de quadril. E é a partir das impressões desse momento que falarei um pouco aqui sobre a ligação entre a qualidade do método e o movimento organizado.

A própria Beth tem essas próteses em seu corpo. Mas, para espanto médico, segue há mais de 10 anos sem necessidade de substituição. A partir de sua experiência com o Pilates como forma de trabalho de baixo impacto para condicionamento físico, ela pôde plasmar esse conhecimento desenvolvido no livro “Pilates for Hip and Knee Syndromes and Arthroplasties.”

Estou contando essa história porque o Workshop foi sensacional. Muito repertório avançado. No entanto, estripulias acrobáticas? Absolutamente não.

Sentido do movimento organizado

O que chama a atenção em seu trabalho é a exigência em termos de execução. É perceptível a correção de alinhamentos, mobilização das articulações em todos os seus planos, estímulo à percepção dos limites dados pela estabilização. Aqui nasce essa noção de movimento organizado.

Na realidade, todo o trabalho do centro do corpo é importante. Não apenas o core, com sua dinâmica, mas a percepção do tronco por meio da estabilização de suas cinturas; relações ósseas entre costelas e pelve; além do alinhamento da coluna, com dissociação dos membros superiores e inferiores.

As perguntas feitas durante o curso estimularam nossa atenção e concentração a respeito de diversas necessidades e situações corporais. Quais seriam os possíveis “remédios” indicados para aquele ou esse indivíduo? Claro que considerando sempre que o “remédio” dentro do ambiente de Pilates é o movimento organizado.

Pré-Pilates

O interessante e divertido é que todas as perguntas levavam a uma mesma resposta, o pré-Pilates.

Os exercícios de pré-Pilates são aqueles que, dentro do âmbito do método, preparam o corpo e a mente para evoluir no repertório propriamente dito. São os momentos em que,  de forma concentrada e sob a batuta do instrutor, o aluno desperta para a percepção de seu esqueleto, articulações e músculos. Assim, ele encontra novas formas do movimento organizado e livre de sobrecargas.

Não é possível afinar essa conexão entre corpo e mente com repertório avançado. É preciso calma, concentração e um bom professor que domine o gesto que está sendo executado por já tê-lo vivenciado inúmeras vezes. Dessa forma é que ele saberá escolher a sequência para cada aluno, conduzindo-o então, pelo caminho da organização corporal de forma mais eficiente, porque cada um tem diferentes necessidades.

A organização do corpo é o local, a situação, em que ele está mais confortável, mais móvel, alongado, livre de sobrecargas. A organização sempre trabalha a favor do corpo.

Importância da organização

Quando iniciamos o repertório sem organização, corremos o risco de, muitas vezes, enfatizar desequilíbrios, repetir compensações, não contribuir em nada no sentido da organização e desenvolvimento de um corpo equilibrado.

Indivíduos que chegaram ao ponto de necessitar de próteses de joelho e quadril (bem como de coluna vertebral, exceto em casos de acidente, colocaram seu corpo em situações de extrema sobrecarga indevida com movimentos errôneos, seja no cotidiano do trabalho, seja na prática de esportes ou por sua história de vida.

Daí a insistência de Beth no pré-Pilates como inicio e fundamentação do trabalho corporal em busca de novos downloads para o movimento organizado.

Um outro comentário dela em seu workshop que vale a pena compartilhar vem a seguir: os mesmos “remédios” indicados para pessoas que têm síndromes e próteses de joelho e quadril são os indicados para quem não quer vir a tê-las.

Pilates de qualidade começa nos fundamentos, nos princípios, na qualidade e organização. E segue por esses elementos. É preciso vivência e domínio da técnica, a fim de poder utilizá-la como ferramenta de ensino de movimento. Caso contrário, o remédio pode virar veneno.

Para conhecer mais sobre o trabalho desenvolvido por Beth Kaplanetk, basta acessar seu site oficial (conteúdo em inglês).

*** Artigo atualizado, de autoria de Silvia Gomes, publicado originalmente em 28 de março de 2016.

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