Praticar Pilates fornece Condicionamento Físico?

Muitas discussões tem sido apresentadas à respeito deste tema que tem se tornado muito controverso, portanto creio ser importante relatar minhas conclusões e sugestões a respeito do tema em questão.

A técnica original criada por Joseph H. Pilates sofreu muitas modificações durante os anos. Muitos dos seus alunos considerados a “primeira geração” de instrutores começaram a abrir seus próprios estúdios na década de 60. Alguns mantiveram-se fiéis aos ensinamentos de seu criador, como foi o caso de Romana Kryzanowska, enquanto outros modificaram os exercícios originais acrescentando outras técnicas como Feldenkrais, RPG etc.. e modificando o objetivo de alguns dos exercícios. Essa primeira geração combinou os princípios que receberam do Mestre Pilates com seus próprios conhecimentos, entre eles temos: Carolla Trier; Ron Fletcher; Kathy Stanford-Grant; Eve Gentry, Bruce King entre outros.

Romana Kryzanowska, segundo seus próprios depoimentos, fornecidos durante os cursos de certificação, afirma que dedicou sua vida ao ensinamento do Método Pilates da forma mais original possível honrando a integridade da técnica desenvolvida pelo criador Joseph Pilates.

Profissionais como eu, que tiveram a oportunidade de estudar com Romana Kryzanowska, conheceram um Método Pilates segundo a sua visão e espírito. Romana, por ter sido bailarina, nos ensinou o Método Pilates onde o princípio da fluidez propicia um condicionamento físico importante.

No Método Pilates, segundo a visão ensinada por Romana Kryzanowska, os princípios de Centralização, Respiração, Fluidez, Precisão, Controle e Concentração são de essencial importância e aplicados na rotina de exercício. Sem a aplicação destes princípios a técnica se torna uma ginástica comum, pois estes são os seus diferenciais.

O princípio da Fluidez é o maior diferencial de quem pratica o Método Pilates. Segundo Kryzanowska, Joseph Pilates, reforçou a importância das transições ininterruptas dos movimentos e da sessão iniciar e seguir um fluxo sem parada de um exercício para outro com ritmo constante e precisão até o final da aula. Ou seja, Pilates é movimento contínuo, desta forma é possível trabalhar o condicionamento físico.

Para atingir o princípio da Fluidez com maior eficiência é necessário que o aluno esteja concentrado no exercício à medida que evolui na prática, assim será possível memorizar os exercícios e desta forma aumentar a sua eficiência e rapidez de execução no mesmo intervalo de tempo, estimulando muito mais o sistema cardiovascular.

Ainda o Método Pilates é pouco estudado de forma científica a acadêmica de forma adequada. Muitas pesquisas que tem sido apresentadas não tem sequer os livros de Joseph Pilates na bibliografia como referência, desta forma tornam-se muito distantes do trabalho original, ou ainda utilizando uma metodologia que não apresenta os exercícios desenvolvidos por Joseph Pilates e muitas vezes outros exercícios totalmente diferentes ou pertencentes a outras técnicas.

Há necessidade de serem publicadas pesquisas que comprovam a eficiência da técnica para otimizar o condicionamento físico, entretanto é possível “sentir” o trabalho cardiovascular durante uma sessão fluida ininterrupta.

Introduzido no Brasil na última década, gradativamente este Método passou a ser desenvolvido e conhecido pelos brasileiros, porém como ocorre com todo novo método terapêutico ou de prevenção para a saúde, o desenvolvimento indiscriminado do Método Pilates, ocorreu tanto nas mãos de profissionais sérios e competentes, como por profissionais que, não passaram por um rigoroso treinamento nem por um prolongado curso de formação em centros especializados.

Desta forma, a técnica tem perdido o importante “princípio da fluência”, tornando-se um método de exercícios executados com exagerada lentidão e precisão, similar a métodos fisioterapêuticos mais tradicionais e muito distantes do que vem a ser Pilates realmente. A fluência ininterrupta de movimentos pode ser observada claramente em uma série do Reformer avançado na sua forma mais original, ou seja uma sessão de uma hora neste equipamento com os exercícios desenvolvidos segundo as instruções e ordem estabelecida por Joseph Pilates.

Atualmente alguns centros de estudo e ensino do Método Pilates pelo mundo, procuram preservar e divulgar a integridade do método na sua forma mais original com respeito ao criador da Técnica. Entretanto comenta-se que uma metodologia criada há muitos anos precisa ser atualizada, modernizada ou modificada. Porém para quem estuda o Método original, a técnica é tão perfeita, a ordem de execução dos exercícios prova que um grupo muscular é estimulado em um movimento e no próximo é feita a compensação deste grupo de músculos de forma tão harmônica que podemos inferir que o Método Pilates não necessita de muitos retoques.

Minha dissertação de mestrado foi feita baseada na técnica original dos exercícios de solo e estudamos exaustivamente cada movimento e o porquê a série ter sido elaborada desta maneira. Os movimentos têm objetivos claros, definidos e uma ordem biomecânica perfeitamente distribuída, por este motivo é muito infundado encontrar modificações na ordem da sequência dos exercícios.

Muitas vezes, por falta de conhecer todo o repertório e equipamentos criados por Joseph Pilates começam a ser feitas muitas criações sobre o Método original que são desnecessárias, inclusive muitas modificações e adaptações dos equipamentos originais, e desprezando o conhecimentos dos acessórios e equipamentos criados por Joseph. E os ângulos dos equipamentos sendo alterados modificam a biomecânica e objetivos de determinados exercícios que modificam todo o sistema.

Vem surgindo um crescente número de profissionais de Pilates desqualificados no mercado. Os bons instrutores com certeza passaram por um rigoroso treinamento. Esse processo é importante para que se possa aprender a interiorizar a filosofia inserida do Método. É preciso meses de treinamento para executar a técnica em nível avançado e o instrutor precisa aprender com seu corpo, executando.

Há uma grande diferença entre “ensinar” Pilates e “dar” Pilates. O instrutor precisa ser a fonte de inspiração do seu cliente, e só desta forma será possível obter todos os benefícios incluindo um bom condicionamento físico desta técnica maravilhosa denominada “Arte da Contrologia”.

Posso inferir que executando uma sessão rigorosa do Método Pilates com fluidez, será possível alcançar um bom condicionamento físico. Com a prática frequente e aumentando cada vez mais a sua capacidade respiratória, sua resistência e otimizando a frequência cardíaca os resultados são otimizados. Entretanto se o Método for aplicado de forma dissociada, excessivamente explicativa, corretiva e lenta ou em forma de circuito, etc… como vem sendo aplicado por alguns profissionais atualmente, podemos inferir que elevar o condicionamento físico será difícil. Sendo um dos diferenciais e princípios do Método, a Fluidez deve ser garantida durante a sessão. Caso contrário, não é Pilates que estará sendo ensinado ou praticado.

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6 Comentários. Deixe novo

  • Marcelo, em um primeiro momento gostaria de convidá-lo a fazer uma Aula de Pilates Clássico.
    Tenho certeza que sua vivência corporal ser muito significativa.
    Em resposta ao seu comentário, coloco que: clássico não significa arcaico, pois, pela própria definição, se remete a todo ensinamento que foram analisados, praticados e desenvolvidos e perpetualizados por séculos. Acrescentar elementos novos, não descaracteriza o método, haja visto que há o Pilates s contemporâneo.
    Em minha humilde opinião, o que não se pode é descaracterizar o método deturpando os exercícios e técnicas que foram criadas por Joseph Pilates, transformando este sistema de condicionamento físico em outra espécie ( o que vem acontecendo a muito tempo e de maneira desenfreada no mercado atual).
    Ensinar Pilates, através de repetição de exercícios, qualquer pessoa pode fazer, e está é a maior diferença para o sistema clássico: aprendemos didáticas de ensino, obedecendo uma hierarquia. Com isto, nossa segurança e qualidade de trabalho se tornam infinitamente superiores. Por isso te convido a experienciar o Pukates Clássico.

    Responder
  • Caro Marcelo, sinceramente, achei isso tudo que você disse meio confuso! Para começar, minha sugestão é leia: “A Obra Completa de Joseph Pilates “, editora Phorte. Abç

    Responder
  • Gisella Martins
    18/07/2018 12:26 pm

    Caro Marcelo, penso que para defender uma opinião sobre qualquer assunto seja necessário ter um conhecimento mais aprofundado sobre o mesmo. Acredito que se você conhecer o método com mais propriedade terá embasamento para refletir melhor à respeito.
    É claro que estamos aqui expondo opiniões e cada um é livre para assimiliar da maneira que desejar.

    A minha opinião sobre isso é que apenas se basear nos princípios do Pilates não é o bastante para chamar o exercício ou a sequência pelo nome original do método. Joseph Pilates nos ensina (veja que não coloco no passado apesar dele ter vivivo em outros tempos), que a CENTRALIZAÇÃO, CONCENTRAÇÃO, PRECISÃO, CONTROLE, RESPIRAÇÃO e FLUIDEZ são fundamentais para a compreensão, assimilação e execução dos exercícios. Mas se compararmos com outras atividades esportivas e artísticas esses princípios também se apresentam como fundamentais.

    Um educador físico poderia dizer aos seus alunos com muita propriedade que esses princípios são da Natação, da mesma forma da Esgrima ou ainda da Ginástica Artística, e um metre de Ballet certamente utiliza esses conceitos nas aulas de Ballet Clássico. Quero dizer com isso que para chamarmos de PILATES se faz necessário não apenas os seus princípios fundamentais na teoria mas também os exercícios e seus objetivos na prática, no corpo.

    Quando instrutotes de Pilates criam exercícios, corremos o sério risco de descaracterizar o método, e se essa prática de “renovação” perdurar não demorará muito para que a obra de Joseph seja esquecida.
    Não sou contra a renovação, absolutamente, se o mundo muda, as pessoas mudam e a atividade física precisa evoluir, então que isso seja feito mas que não seja chamado de Pilates. Pode-se nomer como desejar e ter na sua teoria que este novo método é baseado nos princípios fundamentais do Pilates, mas nomear como “Pilates Xxxxx”, “Pilates Yyyyyyy”, aí é o que eu acho bem complicado.
    Obrigada.

    Responder
  • Hum para dizer se é ou não pilates por não aplicar movimentos criado por uma pessoa na segunda guerra mundial é complicado!Os princípios devem ser respeitados,porém os defensores do original devem entender que a população mudou,a ciência muda,os objetivos no mundo sobre exercícios físicos mudou,os profissionais mudaram, e o planeta mudou!!! E pilates é um método de exercício físico como qualquer outro tipo de exercício físicos com suas particularidades,porém algumas pessoas acham que se profissionais não realizar como joseph não é pilates, uma visão equivocada! E Isso demonstra que estes profissionais não acompanham as novas tendencias sobre ciência aplicada ao exercícios físicos e as mudanças evidentes em nossa população, como aumento da obesidade,stress,ansiedade, mudança de estímulos para sair da homeostase etc.. Alguns defensores do original viraram professores comerciais para vender dizendo que é original e se destacar por este fato,penso que é ao contrario, se apegar e engessar totalmente a um método criado na segunda guerra mundial é falta de evolução profissional, sendo que, mudanças aconteceram de lá para cá! Assunto que tem muitas coisas para discutir.Obrigado!

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    • Cecilia Panelli
      18/07/2018 11:19 am

      Marcelo, Bem resumidamente: Einstein não é nosso contemporâneo, entretanto seus conhecimentos utilizamos ainda hoje. O mesmo com vários outros gênios da história.. não acredito que pelo simples fato da pessoa ter vivido em outro momento anterior deva ser taxada como “arcaico” “ultrapassado” eu utilizo hoje em dia, as ideias e pensamentos de grandes filósofos bem antigos. Para mim pilates definitivamente não é uma ginástica qualquer, e dentro da área acadêmica é completamente vetado pesquisar um método sem utilizar a metodologia do criador… obrigada.

      Responder
    • Caro Marcelo, sinceramente, achei isso tudo que você disse meio confuso! Apenas uma sugestão: leia “A Obra Completa de Joseph Pilates”, editora Phorte para começar. Abç

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