Movimento é vida e vida é movimento. Você obtém deles o que investe neles
(Ron Fletcher)
As potencialidades do movimento humano são infinitas. Pense num lesionado medular que chegou em seu estúdio e, com os trabalhos vivenciados, pode voltar a se mover de forma organizada; reflita sobre uma mãe depressiva que perdeu um filho e, ao ter acesso aos movimentos da coluna torácica, volta a entrar em contato com memórias afetivas que a fortalecem. Imagine, ainda, um dançarino que pode, através das vivências e treino dos potenciais contidos nas minúcias dos gestos, ter acesso à força simbólica contida em cada curva corporal, usando este conhecimento para emocionar uma platéia.
Como dizia Ron Fletcher (1921-2011), um professor americano que tive e um dos elders do Pilates, que devotou quase a totalidade da sua vida ao estudo do movimento: “Movimento é vida e vida é movimento. Você obtém deles o que investe neles”. Penso ser este um dos segredos ligados às potencialidades latentes do movimento humano: se existe investimento em força, flexibilidade, melhora de performance e ganho funcional, podemos esperar que isto será conquistado. Por outro lado, se o investimento também for em um movimento que busca expansão, amor e troca, estes serão os resultados obtidos.
Fletcher também dizia: “Much wants more”. Esta sentença é de difícil tradução em nossa língua. Seria algo como: muito quer mais. Fletcher usava essa frase quando queria obter de cada aluno um movimento que fosse potente em forma, significado e intenção, para além das linhas, valências físicas ou funções pertinentes. Isso era verdadeiramente o melhor que um gesto poderia oferecer, na visão de Ron, pois ele acreditava que o aprofundamento na experiência do mover nos fazia livres para procurar e dar aos gestos trabalhados o que poderia haver de mais profundo e interessante. Ele queria que o movimento nos tornasse livres, expansivos e amorosos. Queria ver em nosso corpo Mais que Pilates.