Todos os instrutores de Pilates devem ter a convicção da importância de inserir exercícios para mobilidade da coluna nas aulas de Pilates. Talvez esse seja um dos grandes trunfos do repertório do método, comparado a outras modalidades de treinamento.
A mobilização
O profissional deve explorar exercícios de mobilização da coluna do aluno em todos todos os planos, sagital, frontal e transversal. Além disso, é importante também combinar os planos em movimentos integrados durante os treinos de Pilates. A intenção com isso é tornar a coluna vertebral um suporte forte e, ao mesmo tempo, flexível.
Mobilizar a coluna profundamente, promovendo ações intervertebrais, é ação feita por toda a musculatura profunda que a envolve: intertransversários, interapofisários, rotadores, multífidos. É claro que entrarão também em prática os abdominais, dorsais, e tantos outros grupos musculares. Porém, a precisão que permite o famoso “vértebra por vértebra” é dado pela musculatura profunda tanto em movimentos excêntricos quanto concêntricos.
Importantes exercícios para mobilidade da coluna
A reflexão a ser feita é, justamente, como nos relacionamos com a ação de nossa grande, constante e desafiadora mestra, a gravidade, quando selecionamos exercícios para mobilidade da coluna de um aluno.
Sereia (Mermaid)
Vamos tomar como exemplo as mobilidades da coluna no plano frontal, no repertório de Pilates, geralmente chamadas de Sereia (Mermaid).
Quando optamos por uma Mermaid no solo ou no Reformer, a partir do alongamento axial, vamos fazer uma flexão que se iniciará na cabeça e cervical, a favor da gravidade. De certa forma, é como se ela nos desse assistência. Mas teremos o desafio de manter a coluna no plano frontal. E esse é um dos grandes erros na execução da Mermaid, ou seja, a flexão anterior. No entanto, desde que o plano esteja claro, seguimos a favor da gravidade.
Se o objetivo é despertar a percepção e controle da coluna vertebral através de sua mobilidade segmentar, por exemplo, temos mais um desafio. É importante que a musculatura global, como oblíquos, quadrado lombar, do lado côncavo estejam relaxados. Assim, permitirá o movimento intervertebral com o despertar da musculatura local profunda.
A musculatura global trabalhará de maneira mais excêntricas, no sentido de preservar o espaço entre costelas e pelve, do que concêntricas, espremendo a lateral do tronco.
A intenção é mobilizar vértebras e costelas em toda sua extensão. A compressão do lado côncavo, além de gerar desconforto na região, promoverá uma hiperflexão lateral na lombar acabando com o alongamento axial do movimento.
Side Bend no Reformer
Se, por outro lado, decidimos fazer um movimento contra a gravidade, como por exemplo um Side Bend no Reformer (série de short Box), necessariamente precisaremos da musculatura abdominal e todo o Power House para erguer o tronco contra a gravidade. Nesse caso, ela entra como resistência para subir e, por outro lado, como assistência para descer com controle.
Assim, é fundamental que o aluno já tenha um bom controle da mobilização profunda, a fim de que possa ativá-la de forma coordenada, antecipando e acompanhando a ação dos músculos globais que elevarão o tronco.
Conclusão sobre exercício para mobilidade da coluna
Dessa forma, teremos as camadas profundas, intermediárias e superficiais trabalhando na execução de um gesto harmônico.
Caso não haja controle da musculatura local profunda, as distantes inserções da musculatura global comprimirão a coluna de forma desorganizada, gerando sobrecarga indevida em apenas alguns discos intervertebrais. Teremos um movimento sem um princípio fundamental de Pilates, o alongamento axial.
Mas trabalhar de maneira profunda requer tempo de aprendizado. É necessário, por exemplo, despertar a consciência da coluna com sua mobilização consciente em todos os planos. Inicialmente, com exercícios pré-Pilates, movimentos claros e bem definidos em cada plano específico, antes de entrar no repertório avançado, com muitas combinações de movimento.
Movimentos integrados são muito fáceis de serem mal-executados. Combinações de planos de movimento sem alongamento axial e controle de centro são perigosos.
Ou seja, não deve-se ter pressa. Ensinar o básico limpo é tarefa desafiadora, mas gratificante. Quando os movimentos do tronco nos diversos planos estão claros e límpidos, o avançado chega de maneira muito mais límpida e fácil.
- Artigo atualizado, de autoria de Silvia Gomes, originalmente publicado em 29 de março de 2017.
1 Comentário. Deixe novo
Parabéns Sílvia e grata por compartilhar seus conhecimentos! Sim, manter o espaço entre as articulações é fundamental pra segurança das mesmas e saber fazer isso é um treino bem especial e vale a ajuda de um bom professor, e bem treinado!