Grávida pode fazer Pilates? Saiba tudo aqui

Grávida pode fazer Pilates com orientação adequada

A gravidez é um momento especial na vida de qualquer mulher, recheado de transformações físicas e emocionais. Apesar de a fase ser vivida de forma diversa por cada gestante, a indicação da prática de atividade física adequada é quase unânime nos casos de uma gestação de baixo risco. E uma das atividades que mais atrai esse público, pela versatilidade e possibilidade de prática durante quase toda a gestação, é o Pilates. E, sim, grávida pode fazer Pilates. Inclusive, nos casos em que os exercícios são recomendados, ela deve.

A prática do Pilates pelas gestantes, no entanto, requer cuidado. “Quando atendemos uma gestante, estamos atendendo também um ser em formação. O exercício intenso e inapropriado às modificações do organismo materno pode trazer consequências para o bebê. Para exemplificar, o bebê pode nascer com baixo peso e até prematuro”, alerta a coordenadora do Espaço Pilates/RJ, fisioterapeuta obstétrica e doula, Valéria Mauriz.

Ela explica que a grávida pode fazer Pilates a partir da liberação médica. “Sabemos que o primeiro trimestre é de implantação do embrião e do desenvolvimento da placenta, por isso mesmo é um trimestre que há maior risco de perda gestacional. Porém cada mulher tem sua história e sua individualidade biológica. Assim, teremos situações diferenciadas”, explica.

Dessa forma, é fundamental associar a liberação médica à observação do quadro geral da aluna. Há casos em que a mulher já praticava Pilates, está liberada e sente-se disposta. Por outro lado, existe a mulher que, mesmo liberada, apresenta muitos sintomas, como náuseas, fadiga e sono. “Podemos ter como base a liberação médica, mas olhar com atenção e cuidado a realidade daquela mulher em particular é fundamental”, alerta Valéria.

Grávida pode fazer Pilates a partir de quando e até que mês de gestação?

Cada caso é um caso, já diz o ditado. E isso também se aplica à prática do Pilates durante a gestação. Há situações, por exemplo, em que a mulher descobre a gestação durante a prática regular do Pilates. Nessa situação, havendo a liberação médica, ela pode dar sequência à atividade sem problemas.

“No primeiro trimestre, podemos ter restrições quanto à prática, devido à possibilidade de perda gestacional. No entanto, no último trimestre, se a gestação está sem riscos, a mulher poderá realizar a prática até quando se sentir confortável”, explica Valéria Mauriz.

Com orientação de profissional, grávida pode fazer Pilates
Com orientação de profissional, grávida pode fazer Pilates
Crédito: Arquivo Valéria Mauriz

A fisioterapeuta obstétrica esclarece que o último trimestre é normalmente marcado pelo aumento do peso corporal, o aumento do peso do bebê, a sobrecarga e dificuldade respiratória, que pode levar a mulher a se cansar mais facilmente. “Isso também vai variar de acordo a cada mulher, pois cada gestação é única. Por exemplo, a mesma mulher poderá ter experiências diferentes em cada gestação”, destaca.

A profissional conta que a entrada na 36ª semana é um divisor de águas para o parto. Por isso, muitas mulheres optam por parar a prática nessa fase, para se dedicar à preparação do parto. “Normalmente, a mulher tende a ficar mais introspectiva nesse período, para cuidar dos últimos detalhes e focar em preparar o ninho para a chegada do bebê”, pontua Valéria.

Contraindicações do Pilates para gestantes

Apesar de o Pilates ser uma atividade bastante procurada pelas gestantes, a profissional alerta que existem contraindicações para a prática. Portanto, a gestante precisa ficar atenta a isso e informar ao instrutor no caso de apresentar qualquer desses problemas. “O método Pilates é indicado para gestação de baixo risco. Mas no curso da gravidez, a gestante pode desenvolver quadros que não são indicados para a prática de atividade física”, alerta. Dentre as contraindicações do método para as grávidas, estão:

Placenta prévia;

– Descolamento de placenta; 

– Sangramentos;

– Colo de útero curto; 

– Insuficiência istmocervical;

– Doenças coronárias; 

– Pré-eclâmpsia.

Grávida pode fazer Pilates e usufruir dos benefícios

Os benefícios do Pilates para gestantes são inúmeros. Valéria Mauriz explica que o método criado por Joseph Pilates não foi idealizado para ser trabalhado com mulheres nessa fase da vida. “Por isso nós dizemos que trabalhamos com o método Pilates adaptado à gestação”, explica a profissional. Ou seja, a grávida pode fazer Pilates, desde que orientada por um profissional capacitado, e vai usufruir de uma série de vantagens proporcionadas pelo método.

Grávida pode fazer Pilates, garante Valéria Mauriz
Grávida pode fazer Pilates, garante Valéria Mauriz
Crédito: Arquivo Physio Pilates

Por ser um exercício físico de baixo impacto, o Pilates traz inúmeros privilégios para a mulher que está gestando. Dentre eles, é possível mencionar, segundo a profissional:

– Aumento da capacidade respiratória;

– Diminuição da sobrecarga articular;

– Ganho de tônus muscular;

– Diminuição de edemas em MMII;

– Mobilidade pélvica;

– Organização de cintura escapular;

– Gerenciamento de pressões intra-abdominais; 

– Aumento de autoestima;

– Consciência da musculatura do assoalho pélvico;

– Trabalhar o equilíbrio;

– Estimular a postura.

A prática do método Pilates adaptado à gestação também contribui para o momento do parto. Valéria Mauriz conta que as aulas ajudarão a mulher a desenvolver uma consciência maior sobre o próprio corpo. Isso poderá ajudá-la a realizar os movimentos necessários para a descida do bebê para o canal vaginal. “Além disso, conhecer a potência do próprio corpo aumenta a confiança e diminui o medo, colaborando para que a mulher seja protagonista do seu parto e tenha uma experiência mais positiva”, pontua.

Grávida pode fazer Pilates, mas deve ter cuidados na gestação

A gestante precisa observar as transformações que ocorrem em seu corpo. É fundamental que ela converse com frequência com seu instrutor. Ou seja, a grávida pode fazer Pilates, mas precisa manter o canal de diálogo aberto o tempo inteiro, mesmo nos intervalos entre uma aula e outra. “A mulher deve estar atenta às mudanças de decúbito durante a aula de Pilates adaptado à gestação. Relatar sempre ao instrutor qualquer desconforto e/ou dor. Hidratar-se durante a aula. Respeitar os seus limites”, salienta a profissional.

Cuidados que o instrutor de Pilates deve ter no atendimento à gestante

Valéria Mauriz salienta que o instrutor de Pilates deve buscar conhecimento especializado no atendimento à gestante. “Lembremos novamente que o método Pilates não foi idealizado para ser praticado por mulheres que estão gestando, por isso temos uma adaptação para essa fase da vida da mulher”, explica. Ela afirma que é necessário conhecimento sobre Fisiologia da Gestação, Fisiologia do Exercício e conhecimento profundo sobre o método Pilates clássico, para adaptá-lo ao período gestacional.

A profissional destaca que a grávida pode fazer Pilates, mas a gestante é considerada população especial e deve ter um programa especializado para ela. “Infelizmente temos muitos instrutores de Pilates que não estão preparados para atender a esse público. Muitos replicam exercícios encontrados nas mídias sociais, sem entender as indicações  nem o período gestacional em que ele deverá ser aplicado. Muitos sequer conhecem as contraindicações daquele exercício”, adverte.

Pilates para gestante requer orientação especializada
Pilates para gestante requer orientação especializada
Crédito: Arquivo Valéria Mauriz

“Há também uma confusão muito grande, em que tanto o instrutor quanto a gestante acreditam que essa fase deva ser de desafios. Há quem acredite que é para colocar a gestante executando  exercícios em situações de risco, em posições acrobáticas, para demonstrar que ela é capaz de realizá-lo. Esses instrutores não compreendem as consequências a médio e longo prazo”, lamenta.

Por isso, a grávida pode fazer Pilates, mas é fundamental buscar um instrutor de Pilates de qualidade, que domine a aplicação do método ao público gestante. A gestante pode fazer Pilates, mas deve fazê-lo com a cautela que o período exige. Buscar um profissional qualificado é fundamental. Nesse link disponibilizamos uma relação de estúdios em todo o país, para que a gestante possa escolher um local de confiança.

Indicações do Pilates para grávidas no 1º trimestre de gestação

Primeiramente, é necessário lembrar que a gestante só começará a realizar uma atividade física no 1º trimestre, se houver aprovação do médito. “Normalmente, é permitido se ela já pratica Pilates ou se não é sedentária e está em plena saúde física. Porém, esse é um momento de muitos enjoos matinais e de muita fadiga, então a aula deve ser suave”, sublinha a fisioterapeuta obstétrica, doula e professora de Pilates, Valéria Mauriz.

Ela conta que nessa fase é bom trabalhar a respiração, a ativação da musculatura do assoalho pélvico, a mobilidade e estabilidade escapular e pélvica. Como nesse período é permitido ficar um tempo maior em posição supino, a profissional indica a possibilidade de realizar o trabalho de footwork no reformer, para ajudar na marcha e na estabilização de tornozelos.

“É importante evitar realizar movimentos de elevação de tronco a partir de posição supino sem assistência. Apesar de a barriga ainda não estar grande, esse movimento pode aumentar a pressão intra- abdominal”, destaca Valéria.

Indicações do Pilates para grávidas no 2º trimestre de gestação

O Pilates para gestantes no 2º trimestre de gestação pode adotar uma aula mais dinâmica, com foco no aumento de estabilidade e tônus muscular. “Nesse momento, os desconfortos já passaram e a gestante se sente mais confortável com seu corpo, querendo estar mais ativa”, conta Valéria. Ela afirma que é fundamental continuar trabalhando a respiração e ativação da musculatura do assoalho pélvico.

Outras indicações é trabalhar a organização escapular, em razão do tamanho das mamas estarem maiores. Acrescido a isso, é fundamental focar no fortalecimento de pernas (MMII) e no fortalecimento de braços (MMSS). “É bom trabalhar sentada ou em pé. A permanência na posição supino deve ser de, no máximo, cinco minutos, para evitar a compressão da veia cava. Também é bom evitar posições de equilíbrio ou de apoio em uma só perna”, destaca.

A profissional pontua que o trabalho na posição em quatro apoios (quadrúpede) deve ser feito com cuidado, notando se a gestante consegue gerenciar bem o aumento de pressão intra-abdominal (PIA). Além disso, não realizar movimentos de rolamento da coluna por baixo (roll over), nem por cima (roll up).

Indicações do Pilates para grávidas no 3º trimestre de gestação

No 3º e último trimestre de gestação, a barriga vai ficando cada vez maior, empurrando ainda mais o diafragma e dificultando a respiração da gestante. “Nessa fase, volta a aparecer o cansaço, que está muito ligado a essa sobrecarga e dificuldade de respirar”, explica Valéria. Ela destaca que a gestante não consegue dormir direito, porque não encontra uma posição confortável, então a aula de Pilates deve procurar estabelecer conforto e possibilitar uma expansão da respiração.

Trabalhar bem a respiração e tentar estimular a mobilidade das costelas são dicas propostas pela profissional para o 3º trimestre de gestação. “Os movimentos de inclinação lateral trarão um bem-estar à gestante, assim como a posição decúbito lateral”. Valéria Mauriz lembra que no período há mais relatos de dor lombopélvica, pelo excesso de sobrecarga, pela mudança do centro de gravidade e pelo aumento da curvatura lombar.

A indicação é optar por exercícios que estimulem a descompressão da coluna, para aliviar a sintomatologia dolorosa. Depois de descomprimir, mobilizar gentilmente para aliviar as contraturas musculares que podem ocorrer. Outra recomendação é evitar realizar exercícios com descarga de punho.

Grávida pode fazer Pilates com orientação adequada
Grávida pode fazer Pilates com orientação adequada
Crédito: Arquivo Valéria Mauriz

Quando retornar ao Pilates após o parto?

O retorno às aulas de Pilates após o nascimento do bebê vai depender do tipo de parto. “Se for parto cirúrgico, uma cesariana, a puérpera poderá retornar somente a partir de 60 dias após o parto. Após um parto vaginal, a puérpera poderá retornar após 40 dias”, explica Valéria Mauriz. O retorno às aulas é importante, porque vai interferir inclusive no bem-estar e na qualidade de vida da mulher

A profissional destaca que é importante respeitar o resguardo, porque o útero demora até 60 dias para voltar à posição na cavidade pélvica. Além disso, a puérpera também está com toda sua musculatura ainda fraca para suportar carga. “O puerpério é uma fase de transição, em que os sistemas ainda estão retornando ao estado pré-gravídico. Exercitar-se de maneira inapropriada pode trazer disfunções, como incontinência urinária por esforço (IUE) ou até diástase abdominal (DMRA)”, sublinha Valéria.

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