Paul Horvath é romeno com raízes húngaras, foi ginasta e trabalhou durante um longo período de sua vida como treinador da seleção de juniores de Ginastas Olímpicos do seu país. Aos 47 anos, imigrou para a Alemanha e iniciou seus estudos na faculdade de Fisioterapia. Como já tinha um conhecimento profundo do GYROTONIC®EXPANSION SYSTEM, ele agregou esse sistema na sua prática fisioterapêutica. Nessa entrevista realizada por Valeria Mauriz, Paul Horvath aborda os excelentes resultados do GYROTONIC® na área clínica.
VALERIA MAURIZ: Quais os benefícios terapêuticos do GYROTONIC®?
O GYROTONIC EXPANSION SYSTEM, como o próprio nome já diz, é um sistema. Ou seja, não são exercícios criados aleatoriamente, há um conceito por trás de cada movimento. A ideia principal é trabalhar o corpo todo com movimento, e o motor central é a coluna vertebral. A coluna funciona como um órgão que protege, sustenta, dá suporte para os órgãos internos (fígado, baço, rim, etc), transmite informações do nosso sistema nervoso central e coordena os movimentos, entre outras coisas. Por isso, pelo GYROTONIC® ,vamos estimular não só os tecidos, mas também os órgãos, as vísceras, as glândulas. Assim, há um estimulo completo do corpo.
GYROTONIC® trabalha a unidade a nível terapêutico, seu foco não está na lesão, mas no corpo como um todo. O corpo humano é um sistema global com diferentes sistemas dentro dele. A lei da vida é que esses elementos possuam uma conexão e cooperação entre eles. GYROTONIC® auxilia essa conexão, promovendo a saúde e equilíbrio entre todos os sistemas. A qualidade do movimento é essencial para não influenciar negativamente o sistema.
Movimentos
No GYROTONIC®, os movimentos são circulares, fluidos e contínuos. Dessa forma, trabalhamos força e alongamento no mesmo movimento. A nível muscular, esse trabalho estimula a função básica da fibra muscular: contrair e relaxar. A sincronização do movimento se faz por meio da respiração, o elemento central é a coluna vertebral, e os movimentos partem da coluna para os membros, o que torna o movimento completo. Na coluna vertebral, por exemplo, trabalhamos muito o movimento do plexo solar, que é centro emocional do individuo. Por isso, o trabalho promove um estimulo emocional que vai atuar em vários sistemas. Há estudos científicos que dizem que quando a pessoa se sente positiva libera endorfina e hormônios que estimulam o sistema glandular e o sistema imunológico. Isso promove a cura.
GYROTONIC® realiza movimentos complexos e inteligentes, que estimulam todo o corpo e dão alegria. Esses são os benefícios do sistema.
VALÉRIA MAURIZ: Como você desenvolveu esse trabalho, Paul Horvath?
Estudei profundamente o sistema Gyrotonic® (GYROTONIC EXPANSION SYSTEM) com seu criador Juliu Horvath. Então, para mim, eram claras as qualidades do sistema. Porém, percebi que as pessoas com lesões tinham que fazer um trabalho diferenciado.
O potencial do corpo humano é a REGENERAÇÃO. Ou seja, o corpo procura o equilíbrio, a homeostase. Para esse processo ocorrer naturalmente, é necessário dar o estímulo correto para o organismo. A doença traz desequilíbrios das funções internas, e a nossa meta é buscar esse equilíbrio perdido por meios passivos e ativos.
Lesão altera a função, que altera a estrutura, que vai alterar novamente a função e assim sucessivamente, numa cadeia que provoca o desgaste.
No processo terapêutico, temos que buscar uma nova reorganização. Por sua vez, a atividade é a melhor coisa para reorganizar o sistema. O movimento é o melhor elemento para promover a cura de lesões, porque ele afeta o corpo todo, estimula várias estruturas e sistemas: os órgãos, o sistema circulatório, o sistema somático, as glândulas, etc. Com esse conceito de unidade, de holístico, comecei a utilizar como instrumento o Gyrotonic com a pulley tower, a testar os programas e ver os resultados.
Tensão do Arco
Meus colegas da clínica trabalhavam as terapias clássicas da fisioterapia e viram o sucesso que eu tinha com as pessoas quando trabalhava com Gyrotonic®. O que acontece é que as terapias clássicas não são holísticas, são segmentares, trabalham com o foco na lesão e não no corpo todo. Então o conceito holístico é perceber que a lesão traz efeitos para outras partes do corpo, e o Gyrotonic® trabalha nesses efeitos que a lesão traz para o corpo, nessas compensações. A respiração estimula o movimento, e Gyrotonic® trabalha com respiração e movimento, estimulando as circulações do corpo humano: vascular, intersticial, linfática, cerebral e energética. A chave para um trabalho holístico é a fáscia, é saber estimular o tecido conjuntivo.
Todo exercício em GYROTONIC® tem um conceito que é a Tensão do Arco. Após compreender como utilizar o Gyrotonic® como ferramenta no processo terapêutico, eu comecei a trabalhar com dois cursos: um do diafragma para baixo:cintura pélvica e outro do diafragma para cima: cintura escapular e com esses dois cursos percebi que atingia o corpo todo, globalmente. Assim, muitos dos meus colegas de clínica vieram a trabalhar com Gyrotonic depois disso.
VALÉRIA MAURIZ: Qual o público-alvo desse trabalho?
É indicado para todas as faixas etárias. Porém, como o trabalho com GYROTONIC® é suave e gradativo, não traz impacto. Por isso, pode ser trabalhado para público numa faixa etária mais velha. Assim, pessoas com 80 ou 90 anos fazem GYROTONIC®, e esse trabalho traz felicidade para esse público.
VALÉRIA MAURIZ: Por que GYROTONIC® é aconselhável no tratamento de escoliose, Paul Horvath?
Porque o trabalho com Escoliose pede movimentos complexos, trabalhar a tridimensionalidade. No Gyrotonic®, os movimentos começam sempre da coluna para a extremidade. Para propiciar uma mudança da estrutura, tem que ter sincronia, sinergismo e comunicação em diferentes partes do organismo. Trabalhamos com a tensão de arco numa velocidade lenta, a fim de atingir o tecido conjuntivo. Obtivemos melhora da escoliose numa mulher de 64 anos de idade, por exemplo, o que não é muito comum. Posso afirmar, portanto, que Gyrotonic® é aconselhável no tratamento de escoliose, porém tem que ter comprometimento do paciente e leva tempo. No mínimo, um ano trabalhando três sessões por semana e realizando os exercícios de casa todos os dias.
VALÉRIA MAURIZ: A escoliose altera a dinâmica do diafragma e o equilibro das cinturas pélvica e escapular. Assim, como o uso terapêutico do GYROTONIC® trabalha com essas consequências da escoliose?
Esses são os grandes problemas na escoliose, porque há compensações em todas as direções: nos órgãos como o coração, o fígado, nas cinturas escapular e pélvica, na cúpula do diafragma. Considero como efeitos colaterais. No uso terapêutico do Gyrotonic®, mobilizo o paciente com movimentos tridimensionais, com tensão e alongamento lento, a fim de mudar as configurações. Assim, a estratégia em escoliose é mudar a funcionalidade, ter uma melhora. Não dá para trabalhar só de um lado.
VALÉRIA MAURIZ: A incidência da hérnia de disco aumenta consideravelmente no mundo todo. Muitas vezes os terapeutas ficam com receio de mobilizar uma coluna com hérnia de disco. Qual seria a abordagem dentro do uso terapêutico do GYROTONIC®?
Na Alemanha, por exemplo, o êxito maior de Gyrotonic® foi com as hérnias de disco, em que consegui recuperar hérnias em 5 a 6 semanas. Normalmente, as indicações eram cirúrgicas. Também na Alemanha, foi comprovado num estudo que 80% dos casos de tratamento de hérnia de disco não tinham necessidade de cirurgia. Dessa forma, a base para a regeneração do disco é dar estimulo de compressão e descompressão com uma pulsação para a nutrição do tecido. Os terapeutas normalmente não sabem a anatomia para recuperar o disco ou não têm o instrumento para isso. O instrumento é Gyrotonic®, mas tem saber usar passo a passo, tem que ter estratégia. Dar com a respiração o suporte para o movimento. Espiralar para dar a massagem no disco. Um contínuo de contração e descompressão. Pulsação.
VALÉRIA MAURIZ: Como se lida com lesões de joelho (menisco e ligamentos) no uso terapêutico do GYROTONIC®, Paul Horvath?
Se for aguda, quando rompeu um tendão ou menisco. Se for crônica, como uma artrose. As estruturas estão ligadas com a função. O joelho não é um órgão, mas uma articulação. Assim, quando o movimento não tem como curar, tem que se mover devagar. Compressão e descompressão para estimular a nutrição. O conceito de “Scooping” dá a possibilidade de dar espaço e não trazer pressão para a articulação.
A leg extension (outra máquina do GYROTONIC EXPANSION SYSTEM), por exemplo, é uma máquina que traz uma revolução no conceito. Não é como uma leg press, que traz muita pressão para o joelho. Trabalhar com segurança sem fechar a articulação.
VALÉRIA MAURIZ: O tratamento com o uso terapêutico do GYROTONIC® pode ser utilizado na fase aguda ou sub-aguda?
Gyrotonic® é um trabalho holístico, global. Numa situação de inflamação ou de trauma você não vai trabalhar no foco da lesão porém pode-se trabalhar outras partes do corpo que estão saudáveis e isso vai estimular a cura do todo pois trabalhando o sistema, trabalhando o global você atinge o ponto da lesão. Num caso de calcificação há um excesso de cálcio e isso pode trazer rigidez então pode estar inflamado, mas é importante mover para minimizar essa rigidez.
VALÉRIA MAURIZ: Como você vê o crescimento do GYROTONIC® no Brasil, Paul Horvath?
Os brasileiros gostam de movimento, de dançar e alegria. Por isso, quando eles descobrirem a alegria que o Gyrotonic® traz, se identificarão com o trabalho. Com isso, perceberão os outros benefícios do GYROTONIC®: promoção do equilíbrio trazendo saúde, felicidade, bem-estar, boa postura e estimulando o prazer de mover.
VALÉRIA MAURIZ: Conte-nos um caso que mais te impressionou.
PAULO HORVATH: Eu atendi uma pessoa com 80 anos que tinha os joelhos rígidos e não caminhava mais. porém, em 5 semanas de tratamento ela voltou a andar.