Pilates e Dança: Reflexões e relações

Escrevo este artigo, pois gostaria de fazer algumas reflexões sobre as relações do Método Pilates com a dança. A dança faz parte da minha vida há 40 anos, e o Pilates, há 19. Comecei a dançar ballet clássico com 7 anos e, desde então, a dança me acompanha. Conheci o Pilates, um pouco mais tarde, no início dos anos 90, em Porto Alegre, com a grande mestra de Técnica Graham de dança moderna, Cecy Frank. Porém, só tive oportunidade de fazer minha primeira formação no Método, em 1999, com Romana Kryzanowska, ex-bailarina e discípula direta de Joseph Pilates. Por vir do meio da dança e por ter me formado no Método Pilates com uma ex-bailarina, sempre enxerguei uma grande relação entre estas duas áreas, escolhendo as mesmas para atuar profissionalmente.

Refletindo sobre alguns aspectos históricos, durante sua trajetória Joseph Pilates trabalhou muito com bailarinos, tanto para reabilitação e prevenção de lesões como para aperfeiçoamento de suas performances em cena (DENOVARO, 2012; BOLSANELLO, 2015). Ruth St. Denis, Ted Shawn, Martha Graham, George Balanchine e Jerome Robbins foram alguns dos bailarinos, alunos de Joseph Pilates, que marcaram historicamente a trajetória da dança mundial (FRIEDRICK, 2008). Os primeiros seguidores do Método Pilates, que deram continuidade ao seu método, pertenciam também à comunidade da dança, entre estes, estão: Romana Krysanowska, Eve Gentry, Ron Fletcher, Kathy Grant, Carola Trier (SILER, 2008).

No Brasil, algumas das precursoras do Método também vieram do mundo da dança. Destaca-se aqui os nomes de Alice Becker (bailarina e graduada em dança pela Universidade Federal da Bahia), Alessandra Tegoni (fisioterapeuta e bailarina), Elaine de Markondes (fisioterapeuta, médica e bailarina) e Ruth Rachou (bailarina, coreógrafa e professora de dança), todas com background na dança antes de realizarem seus cursos no Método Pilates nos Estados Unidos (MACEDO et al, 2015).
Sobre o ponto de vista científico, encontramos publicações que têm comprovado alguns benefícios do Método para bailarinos. Amorim et al. (2011) e Leitão; Silva; Rasia (2013) verificaram que o treinamento de Pilates pode melhorar significativamente a força muscular e a flexibilidade de bailarinos clássicos. Em estudo realizado por Albuquerque (2006), foi verificado que bailarinos que praticaram o Método Pilates tiveram mais fluidez nos movimentos, melhora da técnica, propriocepção e concentração. Wang et al. (2012) demonstraram também que oito semanas de treinamento com o Mat Pilates melhora de forma significativa o equilíbrio e a força abdominal de jovens bailarinas.
Em artigo escrito por Carl Cory, no ano de 2013, publicado no livro “Voices of Classical Pilates”, são destacadas as semelhanças entre o ballet e o Pilates, na medida em que ambos exigem e geram força e flexibilidade no corpo do bailarino. A “arte da Contrologia”, forma como o Método era denominado por seu criador, proporciona ao bailarino a coordenação completa do corpo, da mente e do espírito. O uso dos princípios básicos do Método (concentração; centralização; fluidez; respiração; precisão; e, controle) auxiliam na melhora de sua performance e no aperfeiçoamento de suas habilidades técnicas.
Para concluir, as minhas experiências com a dança e com o Pilates, ao longo de muitos anos, e os dados históricos e científicos, apontados aqui no texto, me levam a afirmar que o Método Pilates auxilia na preparação corporal de bailarinos, promovendo uma melhora na sua performance.

REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, Iara C. A utilização da técnica de Pilates no treinamento do dançarino / intérprete contemporâneo: a (in) formação de um corpo cênico. Diálogos Possíveis. v. 5, n. 1, p. 141-160, 2006.

AMORIM, Tânia; SOUSA, Filipa; SANTOS, José Agusto. Influence of Pilates training on muscular strength and flexibility in dancers. Motriz: Revista de Educação Física. v. 17, n. 4, p. 660-666, 2011.

BOLSANELLO, Débora P. Pilates é um método de educação somática? Revista Brasileira de Estudos da Presença. v. 5, n. 1, p. 101-126, 2015.

CORRY, Carl. Voices of Classical Pilates. Collected Essays. Dance until you drop. EUA: Ed. Peter Fiasca, 2013.

DENOVARO, Daniel B. A educação somática na formação do ator: a contribuição do método Pilates. Repertório. n. 18, p. 94-100, 2012.

FRIEDRICK, A. W. Método pilates e a formação de bailarinas. 2008, 71f. Monografia (Graduação em educação física) – Centro Universitário Feevale Rio Grande do Sul, Novo Hamburgo, 2008.

LEITÃO, Márlon da Cunha; SILVA, Alenuska E. de Araújo; RASIA, Denise. O método Pilates aplicado em bailarinos clássicos para ganho de flexibilidade e força muscular. Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde. n. 2, 2013.

MACEDO, Christiane Garcia; HAAS, Aline Nogueira; GOELLNER, Silvana Vilodre. O método pilates no brasil segundo a narrativa de algumas de suas instrutoras pioneiras. Revista Pensar a Prática. v. 18, n. 3, jul./set., p. 1-13, 2015.
SILER, Brooke. O Corpo Pilates: um guia para o fortalecimento, alongamento e tonificação sem o uso de máquinas. São Paulo: Summus, 2008.

WANG, Yen-Ting; LIN, Pao-Cheng; HUANG, Chen-Fu; LIANG, Lung-Ching; LEE, Alex J.Y. The Effects of Eight-Week Pilates Training on Limits of Stability and Abdominal Muscle Strength in Young Dancers. World Academy of Science, Engineering and Technology. Vol. 6, p.1170-1173, 2012.

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